O ex-presidente Bolsonaro esteve presente na reunião sobre a compra da Globo
A revelação da quebra dos sigilos telemáticos dos assessores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), determinada pelo ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal (STF), fortalece as evidências de que diversos encontros e compromissos oficiais do governo anterior foram excluídos dos registros formais.
Leia também: Preso, ex-assessor de Bolsonaro quer confessar crimes e fraudes de ex-presidente
Nessas conversas, ministros do próprio governo, membros do Judiciário, políticos e empresários, entre outros, são mencionados como tendo se reunido com o então presidente da República, apesar de tais encontros não constarem na agenda pública, segunda informa o site “Estado de Minas“.
Segundo mensagens trocadas entre Mauro Cid, ex-auxiliar de Bolsonaro, e Célio Faria, ex-chefe do gabinete pessoal do presidente e posteriormente ministro da Secretaria de Governo, um desses encontros ocorreu em 13 de outubro de 2021 na residência do ministro Dias Toffoli, do STF.
Às 22h18 daquele dia, Mauro Cid enviou uma mensagem a Célio informando que Bolsonaro estava na casa de Toffoli e mencionou outros nomes, como o procurador-geral da República, Augusto Aras, e André Esteves, presidente do conselho de administração e sócio sênior do BTG Pactual. Quando Cid mencionou “André Esteves”, Célio questionou se era o “do BTG?”. O auxiliar de ordens confirmou (“isso”) e emendou: “comprar a Globo…”.
Cid ainda escreveu: “Está falida”. Célio respondeu criticando a Globo e afirmou que, se alguém fosse comprar a empresa, seria melhor que fosse Esteves e não os “chineses”.
O BTG Pactual não se pronunciou quando procurado pela reportagem.
Em comunicado, a Globo afirmou desconhecer a realização desse suposto encontro, mas caso tenha ocorrido e o tema tenha sido mencionado, trata-se de uma fantasia, pois nunca houve intenção de vender o Grupo Globo, cuja saúde financeira é reconhecida pelo mercado.
A reportagem não conseguiu contatar Célio Faria. A defesa de Mauro Cid informou que se manifestará nos autos. A assessoria de Augusto Aras não se pronunciou, e Toffoli não respondeu ao contato da reportagem.
