O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT), anunciou hoje que o governo brasileiro está explorando a possibilidade de usar o yuan chinês, a moeda oficial da China, nas transações comerciais com a Argentina. Esta medida visa oferecer suporte ao país vizinho, que enfrenta uma grave crise financeira.
Durante sua viagem oficial à África do Sul, onde participa da cúpula do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), o presidente Lula fez esse anúncio durante o programa “Conversa com o Presidente”, produzido pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e transmitido nas redes sociais.
Leia também: Lula chega em encontro da cúpula do Brics para discutir entrada de novos países e moeda comum
Lula reforçou sua crença na necessidade de buscar alternativas ao dólar, que é a moeda de referência nas transações comerciais globais.
O governo brasileiro tem discutido por meses maneiras de ajudar a Argentina e garantir o pagamento das exportações realizadas por empresários brasileiros para o país vizinho.
Segundo Lula, “O ministro da Fazenda, Haddad, estava em conversas com a Argentina, e é viável que possamos ajudar a Argentina utilizando o yuan, a moeda da China.”
A Argentina é o principal parceiro comercial do Brasil na América do Sul e é liderada por Alberto Fernández, um aliado de Lula. O país enfrenta altos índices de inflação e dificuldades em manter reservas em dólar, o que justifica a busca por alternativas nas transações internacionais.
Lula argumentou: “Há países como a Argentina que não têm acesso fácil ao dólar devido à difícil situação financeira. Para facilitar o comércio com o Brasil, não deveríamos depender do dólar. Poderíamos trocar nossas moedas, e os Bancos Centrais poderiam efetuar ajustes no final do mês. Isso poderia ser entre o Brasil e a China ou entre o Brasil e a Índia.”
O presidente tem consistentemente defendido a criação de uma moeda sul-americana para facilitar o comércio na região, sem abandonar o Real brasileiro.
Lula destacou: “Não podemos continuar dependentes de um único país que controla o dólar e que pode afetar nossa economia com suas flutuações. Isso não é sustentável.”
A China tem buscado acordos com países para promover o uso do yuan em transações bilaterais. Em abril, o governo argentino anunciou a adoção do yuan para pagar importações da China.
Em março, o Banco Central brasileiro informou que havia assinado um memorando de entendimentos com o Banco Central da China (PBC) para facilitar transações comerciais entre os dois países usando o yuan chinês e a conversão para reais de maneira mais ágil e econômica, sem a necessidade do dólar como intermediário.