O professor de climatologia Ricardo Augusto Felício, conhecido por suas visões negacionistas em relação ao efeito estufa, ao uso de máscaras e à vacina contra a Covid, recebeu uma notificação de demissão assinada pela reitoria da Universidade de São Paulo (USP).
A demissão foi resultado de suas ausências constantes nas aulas, mesmo durante o período de ensino virtual durante a pandemia. A confirmação dessa notificação foi feita nesta terça-feira (18).
A faculdade tentou contatá-lo diversas vezes por e-mail, ligações e carta desde que ele parou de ministrar as aulas. Agora, há a presunção de que ele tenha sido notificado, pois enviou uma carta para a instituição com o mesmo endereço de outra correspondência que havia sido enviada anteriormente pela USP.
Vale ressaltar que, atualmente, o professor não estava lecionando nenhuma disciplina. A demissão só será confirmada após a conclusão e publicação do processo administrativo no Diário Oficial.
Ricardo Felício tem a opção de tentar reverter essa decisão através da Justiça.
Segundo dados do portal de transparência da USP, o salário líquido do professor em junho foi de R$ 8.871,25. Ele está vinculado à instituição desde 2008, atuando como professor de geografia na FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas).
Ao longo dos anos, Felício ministrou quatro disciplinas: Mudanças Climáticas Globais e Implicações Atuais, Climatologia II, Trabalho de Graduação Individual em Geografia I e Trabalho de Graduação Individual em Geografia II.
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O advogado de Ricardo foi comunicado sobre o caso, mas afirmou que não pode fornecer informações para jornalistas por representar o professor legalmente.
Apesar de suas faltas nas aulas, Ricardo inundou suas redes sociais com mensagens negacionistas, defendendo “a farsa do aquecimento global” e fazendo piadas sobre o uso de máscaras e a eficácia das vacinas contra a Covid.
Paulo Martins, diretor da FFLCH, comentou: “Se ele não tivesse se vacinado, não poderia entrar na USP durante as restrições. Todos eram obrigados a usar máscaras, e os alunos sem máscara ficariam sem nota. O que nos surpreende é o fato de ele preferir se dedicar às redes sociais ao invés de ministrar aulas online”.
Os professores da USP precisavam registrar a comprovação de vacinação contra a Covid no sistema corporativo do RH. O registro era impresso no cartão de identificação com um QR Code que mostrava quantas doses da vacina o funcionário havia recebido. Ricardo não apresentou esse registro.