Influencers postam vídeo entregando um macaco de pelúcia, uma banana e até dinheiro para crianças negras abordadas na ruas
A advogada Fayda Belo trouxe à tona uma denúncia contra duas influenciadoras que compartilharam vídeos em suas redes sociais, nos quais são vistas entregando um macaco de pelúcia, uma banana e dinheiro para crianças abordadas em espaços públicos.
Fayda, especialista em Direito antidiscriminatório, destaca que tais ações se enquadram no conceito de “racismo recreativo”, caracterizado pelo uso de discriminação contra pessoas negras com o objetivo de entretenimento.
Ao identificar esse comportamento prejudicial, a advogada ressalta a necessidade de conscientização sobre as consequências do racismo recreativo, que perpetua estereótipos negativos e causa danos à dignidade das pessoas negras.
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Por meio de sua denúncia, Fayda busca combater essa prática discriminatória e destacar a importância de se respeitar a igualdade e a dignidade de todos, independentemente de sua origem étnica.
“Vocês conseguem dimensionar o nível de monstruosidade que essas duas ‘desinfulenciadoras’ tiveram ao dar um macaco e uma banana para duas crianças e ainda postar nas redes sociais para os seus mais de 13 milhões de seguidores […]? Para ridicularizar duas crianças negras, para incitar essa discriminação perversa que nos tira o status de pessoa e nos animaliza como se fosse piada”, afirma Fayda.
Os vídeos em questão, que estão circulando nas redes sociais, são atribuídos à influenciadora Kérollen, conhecida por seu canal onde publica conteúdos junto com sua filha, Nancy. Com mais de 1 milhão de seguidores no Instagram e 13 milhões no TikTok, Kérollen ganhou destaque devido às cenas controversas em que interage com crianças nas ruas.
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Em um dos vídeos, Kérollen aborda um menino negro em uma calçada e oferece a ele a escolha entre um presente ou R$ 10. O menino opta pelo presente, mas, ao perceber que se trata de uma banana, expressa descontentamento e afirma que “só isso?” antes de deixar o vídeo da influenciadora.
Esses eventos levaram a advogada Fayda Belo a denunciar as influenciadoras envolvidas, destacando a presença de “racismo recreativo” nos vídeos. O objetivo é chamar a atenção para a necessidade de combater esse tipo de comportamento, que pode causar danos à dignidade das pessoas negras e reforçar preconceitos enraizados na sociedade.
Além do episódio com o menino negro mencionado anteriormente, Kérollen também protagonizou outra situação controversa. Nesse caso, ela aborda uma menina na rua e faz uma proposta semelhante, oferecendo à criança a escolha entre receber R$ 5 ou uma caixa. A menina opta pelo “presente” e, ao abrir a caixa, encontra um macaco de pelúcia.
Ao ver o brinquedo, a criança aparenta ficar feliz e demonstra gratidão, abraçando o macaco de pelúcia e agradecendo a influenciadora. Esse momento do vídeo contrasta com a reação negativa que o registro anterior causou, levantando questionamentos sobre a forma como as situações foram abordadas e a repercussão que elas tiveram.
No entanto, apesar da aparente satisfação da criança, é importante considerar o contexto maior em que essas cenas se inserem e as questões levantadas em relação ao racismo recreativo e à exploração de crianças para fins de entretenimento nas redes sociais.
“Você pode receber uma pena de até quase oito anos de cadeia […]. O artigo 17 do Estatuto da Criança e do Adolescente diz que é inviolável a integridade moral do menor, bem como a sua imagem deve ser preservada. […] O [artigo] 18 diz que é proibido expor menores de idade a constrangimento, a vexame, a humilhação, a ridicularização em público”, destaca Fayda.
Após a repercussão dos vídeos, a conta das influencers no Instagram impediu que novos comentários fossem feitos nas publicações e foi publicado apenas um story com o versículo bíblico Isaías 43:25: “Mas sou eu, eu mesmo, que apago os seus pecados por amor de mim, e que nunca mais se lembra deles”.
