Incêndios no Havaí deixaram 93 mortos e brasileiros relatam fuga pelo mar

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Os incêndios que devastaram o Havaí, tornando-se os mais letais em mais de um século nos Estados Unidos, já resultaram na trágica perda de 93 vidas até o domingo (13).

No entanto, as autoridades locais alertam que esse número ainda pode aumentar.

Este desastre ocorre em meio a uma série de eventos climáticos extremos que têm afetado a América do Norte nos últimos meses, desde incêndios florestais recordes no Canadá até uma onda de calor que castigou o sudoeste dos Estados Unidos.

A Europa e partes da Ásia também foram impactadas por ondas de calor, enchentes e grandes incêndios.

Cientistas ressaltam que a mudança climática, impulsionada pelas atividades humanas, está exacerbando esses desastres naturais, tornando-os mais frequentes e letais.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, destacou em julho que a “era da fervura global” havia chegado, após a confirmação de que as primeiras três semanas do mês foram as mais quentes já registradas.

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No contexto do Havaí, embora as causas precisas dos incêndios ainda sejam desconhecidas, é sabido que as condições excepcionalmente secas e ventos fortes na região têm contribuído para a propagação do fogo.

Cerca de 14% do estado do Havaí enfrenta níveis de seca severa ou moderada, segundo informações do governo dos EUA, proporcionando um ambiente propício para incêndios florestais.

Além disso, estudos indicam que o Havaí recebe apenas uma fração das chuvas que costumava receber há um século, aproximadamente 10%, e desde 2008, a região tem enfrentado um período notavelmente seco.

A professora Katharine Hayhoe, uma das principais autoridades em ciência climática, ressalta que embora a mudança climática não seja a causa inicial dos incêndios, ela os intensifica, ampliando sua extensão e perigosidade.

Especialistas apontam que o crescimento de gramíneas não nativas inflamáveis em campos agrícolas abandonados também desempenhou um papel crítico ao criar condições propícias para o início e a disseminação desses incêndios devastadores.

Em meio a esses desafios, a ilha de Mauí enfrentou problemas no fornecimento de energia, o que comprometeu a capacidade de alertar os residentes por meio de telefones celulares.

Muitos moradores em Lahaina, uma cidade da ilha, relataram não ter ouvido as sirenes de alerta, descobrindo a proximidade do incêndio apenas ao ver seus vizinhos em pânico.

Com base em pesquisas da Associação Nacional de Proteção contra Incêndios, este é o incêndio mais fatal nos Estados Unidos desde 1918, quando 453 pessoas perderam a vida em Minnesota e Wisconsin.

Os brasileiros, Andressa Cicchino e Mike, moravam em Lahaina, a cidade histórica destruída pelo fogo, relatam a tragédia

Quando ele saiu, ele já viu uma fumaça gigante e viu muitos carros descendo e pessoas correndo. Então ele voltou e falou: ‘Vamos sair de casa. Só pega os cachorros’. Então, na hora, eu não consegui ver nem imaginar o que estava acontecendo“, conta Andressa.

As ruas da cidade estavam bloqueadas, e eles precisaram fugir a pé. O casal tem uma clínica veterinária e estava abrigando cinco cachorros, os quais tiveram que abandonar.

Nessa hora, a gente se desesperou, a gente pensou que não ia sobreviver. Foi na hora que o Mike ligou para mãe dele para se despedir”, lembra Andressa.
Também liguei para o meu irmão e para a minha filha, que só tem 4 anos, e disse que amava eles. Foi muito duro”, diz Mike.
Cercados pelas chamas, o casal se jogou no mar para sobreviver como muitos outros moradores.
“Mas dentro da água ficou um vento muito forte, muito forte. Os carros explodindo e a gente vendo crianças pequenas no colo da mãe. Falavam: ‘Mamãe, eu não quero morrer’”, relatou.
Casal de brasileiros relata incêndio no Havaí (Foto: Reprodução/Globo)
Casal de brasileiros relata incêndio no Havaí (Foto: Reprodução/Globo)
Foram 12 horas de angústia, e Mike salvou pelo menos 40 pessoas enquanto estava no mar.
Várias vezes pensei que íamos morrer. Ela que me deu forças. Se estivesse sozinho, ia entrar em pânico e chorar”, afirma.

Incêndios ainda não estão totalmente controlado em Maui

Os incêndios na Ilha de Maui ainda não estão completamente sob controle. Os bombeiros estão adotando uma abordagem que envolve o abastecimento de caminhões-pipa a partir de piscinas, com helicópteros coletando essa água para combater os incêndios que ainda representam ameaças à região.

Essa operação é complexa e requer uma precisão especial dos pilotos. Eles estão trabalhando incessantemente, monitorando os focos de incêndio durante o dia e a noite.

Débora Carvalho
Débora Carvalho

Uma apaixonada por histórias e uma contadora nata. Com base em Belo Horizonte, curso Jornalismo e alimento minha curiosidade incessante por notícias e cultura pop. Se você procura uma abordagem vibrante e envolvente, está no lugar certo!

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