No rastro da suspensão das passagens de sua linha promocional pela 123milhas, o Hurb, também enfrentando problemas recentes e o cancelamento de pacotes de clientes, criou e posteriormente apagou uma postagem irônica em suas redes sociais no último sábado.
A mensagem, originalmente publicada no Twitter e Instagram, proclamava: “Nós aprendemos com os nossos erros e hoje, com o Projeto Desfazer, usamos uma tecnologia que compra passagens aéreas 40% abaixo do preço médio do mercado. Não dá para insistir no erro, concorrência. Vem de DM (mensagem direta na rede social), que te mostramos como o Desfazer pode te ajudar #HurbTaOn”.
Embora a mensagem não tenha feito menção direta à 123milhas, a empresa não se pronunciou até o momento em relação à provocação. Da mesma forma, o Hurb também optou por não comentar sobre o episódio.
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POLÊMICA DA 123 Milhas
A 123milhas tomou a decisão de suspender as passagens programadas para embarques entre setembro e dezembro, justificando-a com as condições de mercado. Como alternativa, ofereceu vouchers aos clientes com o valor das passagens suspensas, acrescidos de 150% do CDI.
Durante a pandemia, o Hurb se destacou por oferecer pacotes de viagens nacionais e internacionais a preços significativamente inferiores aos praticados pelo mercado. Por exemplo, uma semana em Tóquio, que incluía passagens e hospedagem, estava disponível por R$ 2 mil, enquanto somente o voo para a capital japonesa normalmente custa em torno de R$ 6 mil.
No entanto, com a reabertura da economia, a empresa se viu obrigada a acomodar todos os produtos vendidos em seu orçamento. Para alcançar esse objetivo, adiou centenas de viagens já pagas, o que gerou insatisfação entre muitos clientes.
Embora tenha oferecido opções de vouchers para futuras viagens ou reembolso em dinheiro, ainda existem consumidores que compraram pacotes em 2020 e não conseguiram embarcar até o momento.
Em maio, a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), órgão vinculado ao Ministério da Justiça, ordenou que o Hurb suspendesse as vendas de pacotes flexíveis, que não especificavam datas de viagem ou informações sobre as companhias aéreas e hotéis.
No mesmo mês, o Instituto Brasileiro de Cidadania (Ibraci) iniciou uma ação civil pública na 3ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro para bloquear as contas bancárias da empresa e de seus sócios e acionistas administradores, a fim de garantir o pagamento de indenizações aos consumidores.
Posteriormente, o Hurb demitiu cerca de 40% de seus funcionários sem cumprir com as obrigações trabalhistas, incluindo rescisões, multas e parcelas do FGTS.
Apesar dessas controvérsias, o site do Hurb continua operando, oferecendo pacotes de viagens, incluindo opções com “mês fixo”, mas sem especificar o dia exato ou a operadora aérea responsável. Um exemplo é uma viagem para Santiago, no Chile, que sai por R$ 1.390 para setembro de 2024, com partida do Rio de Janeiro. O comprador só recebe os detalhes do voo e da hospedagem 30 dias antes do embarque.
Dados do site de defesa do consumidor do governo federal, o consumidor.gov.br, revelam que, desde o início do ano, o Hurb respondeu a 28.524 reclamações, em comparação com 6.310 da 123milhas no mesmo período.