O universo encantador da Disney enfrenta um período de turbulência. A divulgação do balanço corporativo do segundo trimestre, feita nesta quarta-feira (9), revelou que a gigante do entretenimento teve um déficit de US$ 460 milhões (ou aproximadamente R$ 2,2 bilhões com a taxa de câmbio atual) entre abril e junho.
Analistas apontam que a “crise de criatividade” na criação de conteúdo é a questão central.
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Apesar de uma série de remakes de clássicos e sequências como “A Pequena Sereia” e “Indiana Jones”, a Disney não tem alcançado os níveis de bilheteria esperados. Ao mesmo tempo, os números de assinantes da plataforma de streaming Disney+ estão em queda, com uma redução de quase 12 milhões de assinantes entre o primeiro e o segundo trimestre deste ano.
Após a divulgação dos resultados, o presidente da companhia, Bob Iger, expressou confiança na trajetória de longo prazo da Disney, apesar dos desafios atuais.
Para superar essa situação, a empresa está considerando estratégias como aumentar os preços das assinaturas do Disney+ nos EUA, o que poderia ter implicações globais, e implementar tarifas mais altas para o compartilhamento de telas, seguindo o exemplo da Netflix.
![Imagem de divulgação de "Elementos", um dos mais recentes lançamentos da Disney — Foto: Divulgação](https://i0.wp.com/tagnoticias.com.br/wp-content/uploads/2023/08/elementos-capa-vale.webp?resize=775%2C417&ssl=1)
Essas medidas fazem parte de uma revisão de estratégias liderada por Iger, que voltou ao comando da empresa após um período de dois anos afastado. Agora, o foco da companhia está na lucratividade, com um certo recuo no objetivo de crescimento imediato.
O Streaming Gera Receita, mas a Lucratividade é um Desafio
William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue Securities, aponta que o serviço de streaming da Disney tem gerado receita, mas enfrenta desafios em termos de lucratividade. O Disney+ entrou no mercado dos EUA com mensalidades competitivas e parcerias estratégicas, impulsionando o crescimento de assinantes até o final de 2022.
Entretanto, nos últimos dois trimestres, a base de assinantes começou a declinar devido ao término de parcerias e à concorrência de outros serviços de streaming, além das mudanças de hábitos dos consumidores.
No entanto, a queda de assinantes não é a única causa do prejuízo observado no último trimestre. A Disney também investiu consideravelmente em conteúdos que não tiveram o retorno esperado.
Analistas destacam a ausência de lançamentos expressivos nos últimos meses tanto nos cinemas quanto no streaming. A estratégia de revisitar filmes clássicos também está sendo questionada.
O Mercado Mantém a Confiança
Apesar dos desafios relacionados aos conteúdos que não alcançaram o sucesso esperado, o mercado continua acreditando na Disney, o que se reflete no desempenho positivo das ações em 2023, com um aumento de cerca de 3% até o momento.
Essa confiança tem uma razão clara: Bob Iger. O ex-presidente da Disney, que retornou ao cargo, é amplamente reconhecido por sua gestão bem-sucedida. Sua volta ao comando da companhia trouxe otimismo ao mercado.
Analistas destacam que a Disney não planeja alterar fundamentalmente seu modelo de negócios, que envolve a produção de conteúdo e um ecossistema abrangente que abrange parques, produtos, licenciamentos, cinemas e, mais recentemente, streaming. A recente volta de Bob Iger é vista como um ajuste estratégico para otimizar esse modelo.
A estratégia de corte de gastos é evidente, com foco na redução dos custos de produção e aumento das receitas disponíveis. A empresa acredita que a base de assinantes voltará a crescer, mas a ênfase imediata está na lucratividade em vez do crescimento de usuários.
Ambos os especialistas, Paulo Gitz e William Castro Alves, concordam que a recente mudança estratégica da Disney está contribuindo para um cenário mais positivo, embora o prejuízo do último trimestre tenha obscurecido parte das melhorias operacionais que a empresa está buscando alcançar.