C&C começa a demitir executivos e fechará 12 lojas antes de ser vendida

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As herdeiras do falecido banqueiro Aloysio Faria, do banco Alfa, contrataram a renomada consultoria Galeazzi para realizar a reestruturação da rede varejista de material de construção C&C, conforme informações exclusivas do site Valor.

Após um mapeamento de 60 dias nas operações da varejista, o diagnóstico é claro: será necessário fechar pelo menos um terço das lojas, de acordo com uma pessoa familiarizada com o tema.

A C&C possui atualmente 36 unidades localizadas em São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo. A empresa foi colocada à venda, mas até o momento não atraiu interessados para a aquisição. Diante da perda de rentabilidade, as herdeiras do banqueiro solicitaram à consultoria Galeazzi uma avaliação abrangente da situação da C&C.

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Com um faturamento inferior a R$ 1 bilhão, a empresa já começou a demitir executivos e planeja fechar pelo menos 12 lojas até o final do ano, conforme informações obtidas pelo Valor.

Há um consenso de que o modelo de grandes lojas para varejistas de material de construção não é mais viável, sendo que pelo menos um terço das lojas do grupo opera com prejuízo. A receita mensal da rede varia entre R$ 70 milhões e R$ 80 milhões.

Com o objetivo de atrair compradores, as herdeiras do banqueiro solicitaram ao banco BTG Pactual que avalie possíveis interessados no negócio. A reestruturação operacional tem previsão de conclusão até o final do ano, o que permitirá que a rede esteja mais enxuta e atraente para potenciais compradores.

No mercado, há uma percepção de que redes como a C&C e a Telhanorte, esta última também colocada à venda, precisam mudar seus modelos de negócio.

Segundo outra fonte familiarizada com o assunto, empresas do setor de material de construção não devem se tornar exclusivamente digitais, uma vez que os consumidores ainda visitam as lojas físicas e tomam decisões de compra após visualizar os produtos pessoalmente.

Para se adaptar às novas demandas do mercado, Telhanorte e Leroy Merlin, por exemplo, estão investindo em lojas de formato reduzido, facilitando a expansão para bairros e novos mercados, além de oferecerem serviços adicionais aos consumidores, como instalação de equipamentos, e ampliando suas operações de comércio eletrônico.

A C&C foi uma das diversas empresas fundadas por Aloysio Faria, que resistiu à ideia de se desfazer do negócio, mesmo diante das reestruturações realizadas nos últimos anos. Após o falecimento do fundador, as cinco filhas do banqueiro venderam o principal negócio do grupo, o Banco Alfa, que foi adquirido pelo Safra por R$ 1 bilhão. O teatro Alfa e o hotel Transamérica estão programados para se tornarem um complexo de entretenimento.

Segundo outra fonte, a ausência de um processo sucessório, que deveria ter sido liderado pelo próprio banqueiro, resultou na desintegração do conglomerado nos últimos três anos. Lucia, Junia, Flavia, Claudia e Eliana, herdeiras diretas de Aloysio Faria, nunca estiveram diretamente envolvidas nos negócios do pai. Cada uma delas herdou 20% da fortuna do banqueiro, que já foi incluído na lista de bilionários da revista Forbes.

Faria costumava ter a palavra final em seus negócios e confiava em um número reduzido de executivos.

Outras empresas pertencentes à família, como a Agropalma (produtora de óleo de palma) e a rede de sorveterias La Basque, também estão sendo consideradas para negociação, de acordo com fontes próximas. No entanto, a Agropalma também não tem despertado interesse dos compradores. A La Basque era um interesse pessoal do banqueiro, que era apaixonado por sorvetes. A família também é proprietária da Águas da Prata.

Aloysio Faria, um dos banqueiros mais tradicionais de sua geração, faleceu em setembro de 2020 aos 99 anos. Ele era formado em medicina e herdou do pai, aos 28 anos, o Banco da Lavoura de Minas Gerais. Anos mais tarde, ele e seu irmão Gilberto Faria dividiram os negócios, e Aloysio Faria fundou o Banco Real, que foi vendido em 1998 ao ABN Amro por US$ 2,1 bilhões.

Procurada, a consultoria Galeazzi preferiu não comentar o assunto. Tanto a C&C quanto os representantes da família não se manifestaram sobre o tema.

 

Daniel Vicente
Daniel Vicente

Sou um entusiasta da informação, natural de Brasília. Atualmente, mergulho nos estudos de Ciências Políticas. Aqui, você encontrará análises aprofundadas sobre política, economia e assuntos globais. Vamos explorar juntos o vasto universo do conhecimento!

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