A Polícia Civil de São Paulo está conduzindo uma investigação contra uma estudante de arquitetura e urbanismo da Universidade Mackenzie, suspeita de cometer o crime de apropriação indébita. De acordo com denúncias feitas por associações atléticas de outras universidades, a jovem ocupava o cargo de tesoureira nessas entidades e teria desviado a quantia de R$ 62,5 mil.
As acusações afirmam que a estudante se aproveitou de sua posição para direcionar R$ 3.921,61 da Associação Atlética Acadêmica Arquitetura Mackenzie e R$ 58.583,61 de outras atléticas universitárias que fazem parte do Interfau, uma competição esportiva que envolve turmas de faculdades de arquitetura e urbanismo no estado de São Paulo.
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Desde setembro de 2022, os alunos têm tido dificuldades em entrar em contato com a estudante, e, recentemente, descobriram que ela viajou para a Disney. A última vez que conseguiram algum retorno dela foi em uma reunião realizada em março deste ano.
As associações atléticas têm enfrentado cobranças de fornecedores e prestadores de serviços contratados para a realização de eventos esportivos, e há suspeitas de que a dívida possa ser ainda maior.
As atléticas são associações compostas por estudantes que têm como objetivo promover eventos de integração entre os alunos, como festas e competições.
A defesa da acusada ainda não foi localizada para prestar esclarecimentos sobre o caso. As investigações estão sendo conduzidas pelo 4º Distrito Policial da Consolação, região central da capital paulista.
A advogada Simone Haidamus, que representa os alunos afetados, comentou sobre o comportamento da estudante: “Ela teve inúmeras oportunidades para devolver o dinheiro e, mesmo assim, não o fez. É muito triste uma jovem estudante não demonstrar qualquer preocupação com o prejuízo que causaria aos seus colegas”.
De acordo com as denúncias das vítimas:
- Durante o ano de 2022, a atlética do Mackenzie arrecadou R$ 25,7 mil a partir da promoção de eventos e festas, e a estudante era responsável por realizar os depósitos dos valores;
- Ela também foi eleita tesoureira do Interfau, sendo assim, também era responsável pelo dinheiro arrecadado pelas atléticas de outras universidades;
- A estudante teria alegado que depositar o dinheiro em uma conta jurídica implicaria em taxas, e, por isso, indicou contas pessoais para receber os valores;
- A defesa dos alunos relatou que as dificuldades com a suspeita começaram em setembro de 2022, após o encerramento do evento esportivo;
- Desde então, os estudantes têm cobrado a aluna em várias oportunidades, sem sucesso.
Em abril deste ano, a suspeita abriu uma empresa de treinamento em desenvolvimento profissional e gerencial com sede em Brasília, no Distrito Federal. O G1 entrou em contato com o número de telefone cadastrado, mas a pessoa que atendeu afirmou não conhecer ninguém com o nome da investigada.
O G1 questionou se a Universidade Mackenzie estava ciente das denúncias e aguarda resposta.
Viagem à Disney e cobranças diversas
Em setembro de 2022, ocorreu uma reunião de prestação de contas com todos os envolvidos, tanto do Mackenzie quanto de turmas do Interfau. Na ocasião, a estudante suspeita alegou dificuldades para realizar alguns pagamentos referentes às despesas da competição.
Dois meses depois, ela viajou para Orlando, nos Estados Unidos, para participar de um programa de estágio na Disney.
Na mesma época, uma nova diretoria foi eleita pela atlética de arquitetura do Mackenzie. Ao analisarem a situação financeira, os membros da comissão ficaram surpresos ao constatar que todo o dinheiro havia sido depositado em uma conta pessoal e passaram a cobrar explicações da aluna, que passou a ignorar as mensagens.
Em janeiro de 2023, segundo a denúncia da defesa, a atlética do Mackenzie conseguiu realizar uma videoconferência com a presença da estudante. Durante a conversa, ela teria confessado estar em posse do dinheiro arrecadado pelo Mackenzie e pelo Interfau.
Uma nova reunião foi agendada para alguns dias depois, mas a suspeita não compareceu. Em março deste ano, em outra assembleia promovida pela atlética do Mackenzie, a aluna teria admitido ter em mãos R$ 44 mil pertencentes à atlética de seu curso e se comprometeu a devolver o valor, o que, segundo a defesa dos alunos, não ocorreu.