A recente demissão do técnico do Corinthians, Alexi Stival, conhecido como Cuca, trouxe à tona um caso que aconteceu há 34 anos.
Na sexta-feira passada, o site GE confirmou com exclusividade a sentença que condenou Cuca por violação sexual na Suíça, quando ele ainda era jogador.
O processo do caso está guardado nos Arquivos do Estado de Cantão de Berna, onde ficam arquivados documentos históricos e processos judiciais do país. O processo tem 1023 páginas, e o Jornal Nacional teve acesso à página de número 915, onde a sentença do juiz começa. A sentença contém o nome dos quatro condenados, o primeiro sendo Alexi Stival, o Cuca, e os crimes que eles cometeram: ato sexual com menor e coação. O conteúdo completo do processo está em sigilo por 110 anos.
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Barbara Studer, diretora do Arquivo de Berna, leu o processo e confirmou informações que se tornaram públicas por jornais suíços que acompanharam o julgamento e a condenação, em 15 de agosto de 1989. O crime aconteceu em um hotel no centro de Berna, no dia 30 de julho de 1987. Cuca e outros dois homens que na época também jogavam no Grêmio foram condenados por terem cometido atos sexuais com uma menina de 13 anos. Um quarto jogador foi absolvido dessa acusação, mas foi condenado por coação, por ter participado do crime.
Segundo Barbara Studer, consta no processo que o sêmen de Cuca foi encontrado no corpo da vítima e que ela também o reconheceu como um dos agressores. A vítima tentou se suicidar depois do crime.
Os quatro acusados ficaram presos durante quase um mês. Pagaram fiança e voltaram ao Brasil. O julgamento ocorreu quase dois anos depois, sem a presença deles. Cuca, Henrique Etges e Eduardo Hamester foram condenados a 15 meses de prisão. Os quatro receberam uma pena condicional que faz parte da legislação da Suíça. O condenado, nesse caso, não é preso por ser réu primário; só vai para a cadeia caso cometa algum outro tipo de delito durante um prazo determinado pelo juiz, e este prazo já prescreveu no caso de Cuca e dos demais condenados.
O advogado suíço Peter Kriebel explicou que, na Suíça, a coação sexual não é considerada estupro. No Brasil, o crime cometido pelos jogadores seria considerado estupro.
Em uma entrevista coletiva na semana passada, quando foi apresentado como técnico do Corinthians, Cuca negou as informações do processo. “Por três vezes a moça esteve lá na frente. Não é que não reconheceu, é que eu não estava. E ela, a vítima – não sou eu, é ela – falou: o rapaz não está, o rapaz não está. Se a vítima fala que não estava, como é que eu posso ser condenado?”, afirmou Cuca.