A Procuradoria-Geral da República (PGR) formalizou uma denúncia contra o governador do Acre, Gladson de Lima Cameli (PP), e outras doze pessoas, incluindo sua esposa, dois irmãos, servidores públicos, empresários e supostos “laranjas”.
A denúncia, enviada ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) na última terça-feira (28) e divulgada nesta quinta (30) pela PGR, pede o afastamento de Cameli até a conclusão da instrução criminal.
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Cameli enfrenta acusações de organização criminosa, corrupção nas modalidades ativa e passiva, peculato, lavagem de dinheiro e fraude a licitação. As penas somadas podem ultrapassar 40 anos de reclusão.
A denúncia surge no contexto da Operação Ptolomeu, que revelou irregularidades relacionadas à contratação fraudulenta da empresa “Murano Construções LTDA”, a qual teria recebido R$ 18 milhões para a execução de obras de engenharia viária e de edificação.
O subprocurador-geral da República, Carlos Frederico Santos, além de solicitar a condenação proporcional à participação no esquema, pediu o afastamento do governador durante a instrução criminal, com penas cumulativas. Os pedidos aguardam análise pela relatora do caso no STJ, a ministra Nancy Andrighi.
As investigações apontam que a Murano Construções e empresas subcontratadas, uma delas ligada ao irmão do governador, teriam pago mais de R$ 6,1 milhões em propina a Cameli. Esses valores teriam sido utilizados para adquirir um apartamento em São Paulo e um carro de luxo.
Detalhes da denúncia indicam a adesão questionável à ata de registro de preços e revelam que a Murano, sediada em Brasília, nunca havia prestado serviços no Acre. O contrato, originado de uma licitação do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano, destinava-se à manutenção predial, mas a Murano acabou responsável por obras rodoviárias no Acre, executadas por empresas subcontratadas, incluindo a Rio Negro Construções, vinculada ao irmão do governador.
Anteriormente, a defesa de Cameli havia afirmado que ele “não cometeu qualquer ilegalidade e o inquérito servirá para comprovar sua inocência, deixando claro que sua gestão sempre foi pautada pela ética e eficiência”.