Partido evangélico quer Ministério do Esporte para se aproximar de público jovem

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A especulação acerca da reestruturação ministerial liderada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, visando estreitar laços com setores evangélicos, está suscitando discussões acaloradas nas comunidades religiosas do país. Conforme relatos do Estadão, a recente proeminência do Ministério de Portos e Aeroportos, bem como outras possíveis pastas, tem alimentado o diálogo interno.

Entre as áreas em avaliação, destaca-se o Ministério dos Esportes, que se mostra atrativo devido à sua capacidade de envolver o público jovem, um segmento que há tempos desperta o interesse de igrejas e grupos conservadores. A nomeação de um representante evangélico para esse ministério ganha respaldo entre alguns setores internos na administração de Lula. Eles acreditam que essa estratégia poderia engajar o público jovem frequentador de igrejas, um eleitorado relevante que até agora não tem figurado entre as principais prioridades governamentais.

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No entanto, essa proposição entra em choque com o grupo liderado pela primeira-dama, Rosângela da Silva, conhecida como Janja. Esse grupo se opõe firmemente à ideia de substituir a atual titular do Ministério dos Esportes, Ana Moser, ex-jogadora de vôlei, por um homem.

Apesar dessa divergência, defensores da mudança fundamentam sua posição na influência do eleitorado evangélico no Brasil. Pesquisas têm destacado a crescente representatividade da comunidade religiosa, que passou de menos de 10% da população na década de 70 para mais de 40% atualmente.

Carlos Viana (Podemos-MG), presidente da Frente Parlamentar Evangélica na Câmara, compartilha essa visão, observando que houve uma mudança substancial no perfil religioso do país. Ele enfatiza que, embora a academia possa demonstrar preconceito, é imperativo aceitar essa realidade e reconhecer o peso político dos evangélicos no Congresso. Viana defende uma oposição pautada em programas e indica que poderiam apoiar iniciativas governamentais, desde que não se relacionem a temas como aborto e drogas.

Contudo, Silas Câmara (Republicanos-AM), líder da bancada evangélica na Câmara, se opõe à proposta. Embora seja mais disposto a interagir com o governo Lula em comparação com seu antecessor, ele acredita que não há espaço para negociações sobre ministérios.

Não queremos o Esporte e tampouco qualquer outra pasta”, afirmou Silas, enfatizando que a Frente Parlamentar não busca participar do governo de esquerda progressista.

A oportunidade para ocupar um ministério poderia ser oferecida ao partido Republicano, que adotou uma abordagem pragmática em relação a Lula. Diferentemente do PL, que apoia fortemente o ex-presidente Jair Bolsonaro, o partido Republicano tem auxiliado Lula na superação da resistência do setor religioso desde a campanha eleitoral.

Nesse processo de aproximação, Lula conta com a ajuda crucial de Jorge Messias, Advogado-Geral da União e evangélico devido à influência de sua mãe, que frequenta a Igreja Batista. Messias tem desempenhado o papel de intermediário entre o governo e as lideranças evangélicas, dedicando parte de sua agenda para encontros com esses líderes religiosos.

Sarah Oliveira
Sarah Oliveira

Uma amante das palavras em uma jornada incessante de descoberta. Originária de São Paulo, encontro nas nuances da linguagem minha paixão. Com formação em Comunicação, tenho o prazer de guiar você pelos intrincados caminhos das notícias, oferecendo uma perspectiva única sobre o que acontece no Brasil e no mundo.

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