A população ribeirinha do Norte do Brasil enfrenta sérios desafios devido à extensa seca que atinge a região. A falta de chuvas resultou na diminuição dos níveis dos rios, tornando a locomoção entre as cidades do Amazonas uma tarefa árdua. A escassez não se limita apenas à navegação; a água potável também tem se tornado um recurso cada vez mais raro.
Isaque Cícero Rodrigues, um vendedor residente em Manaus (AM), compartilhou sua experiência ao Jornal Hoje, revelando que esta é a segunda vez em menos de um mês que ele teve que cavar um poço próximo de sua casa. O local que outrora era inundado agora está ressecado devido à estiagem. Ele vive em um bairro às margens do lago do Puraquequara e descreve a situação atual como a pior que já testemunhou: “Esse ano, pelo menos, eu não tinha acompanhado uma seca dessa. Em 2010, teve uma seca muito grande, mas não chegou ao nível dessa que está agora.”
Leia também: Com seca severa, Manaus encerra ano letivo em escolas ribeirinhas
Isaque optou por permanecer em sua residência, apesar da falta de água, pois está no limite da área de acesso à eletricidade e à internet. Além disso, ele está comprometido em ajudar outras pessoas em sua comunidade: “Além de ter água para mim e para os meus amigos, que precisam também, porque nem no lado de lá dá para cavar cacimba. Então, eu tenho aqui ainda cedo água para meus amigos também.”
A comunidade de São Francisco do Mainã está enfrentando graves dificuldades devido à lama que a cerca. Apenas pequenas embarcações, operadas por pessoas familiarizadas com as rotas fluviais durante a maré baixa, conseguem alcançar a região. Embarcações maiores, incluindo um barco escola, estão atoladas e não há previsão de quando poderão voltar a navegar.
A população local está enfrentando carências de água potável, alimentos e acesso a serviços essenciais e aguarda ansiosamente por assistência. Joanny da Silva Leite, uma merendeira da região, expressou sua preocupação: “Nós estamos aqui em isolamento. Praticamente apenas algumas pessoas têm saído e a gente não recebeu nenhum tipo de ajuda, nem com alimento, nem com água potável, ou algum tipo de benefício.”
A prefeitura de Manaus anunciou a implementação de uma força-tarefa emergencial para fornecer ajuda humanitária às vítimas da seca. Segundo a prefeitura, 3,5 mil famílias ribeirinhas já receberam assistência, incluindo cestas básicas, kits de higiene e água potável, numa tentativa de aliviar a situação crítica enfrentada por essas comunidades.