Lula não irá autorizar mudanças previstas
Segundo a “Folha de São Paulo“, Governo Lula suspendeu a implementação do novo ensino médio e mudanças no Enem previstas para 2024.
Pressionado por críticas de educadores e estudantes, o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu suspender a implementação do novo ensino médio e as mudanças no Enem previstas para 2024, que adaptariam o exame às novas regras da etapa.
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A suspensão ocorrerá enquanto durar a consulta pública sobre o tema, que tem 90 dias de duração, com possibilidade de prorrogação, e mais 30 dias para o MEC elaborar um relatório.
A suspensão é a saída vista pelo governo para acalmar os ânimos dos críticos e evitar maiores impactos à imagem do governo e do presidente Lula.
O novo ensino médio foi aprovado em 2017, a partir de medida provisória, e prevê a organização da grade horária em duas partes: 60% da carga horária dos três anos é comum a todos os estudantes, com as disciplinas regulares, e os outros 40% são destinados às disciplinas optativas dentro de grandes áreas do conhecimento, os chamados itinerários formativos.
O número de horas anuais obrigatórias passa de 800 para pelo menos 1.000, ou de quatro para cinco horas diárias.
A implementação do novo formato tornou-se obrigatória em 2022 e tem registrado uma série de problemas.
Os estudantes reclamam, principalmente, de terem perdido tempo de aula de disciplinas tradicionais, além de deficiências de oferta dos itinerários a todas as escolas. Especialistas e estudantes têm cobrado a revogação do novo modelo desde o início deste ano.
A suspensão dos prazos é a principal consequência da portaria que será publicada nos próximos dias com a interrupção do prazo de implementação da política.
O texto também irá sustar as mudanças no Enem previstas para 2024. A revogação total da reforma dependeria de atuação do Congresso, por ter ocorrido por lei.
O ministro da Educação, Camilo Santana, tem defendido que haja ajustes no modelo e que revogar tudo seria um retrocesso. A portaria com a suspensão tem anuência da equipe próxima ao presidente Lula. A avaliação do Palácio do Planalto é de que o governo tem sofrido desgastes exagerados ao manter a reforma, sobretudo entre estudantes.
A revogação total não agrada secretários estaduais de Educação, que argumentam ter realizado trabalho importante para estruturar o novo modelo. Mais de 80% das matrículas do ensino médio estão nas redes estaduais.
O novo formato dos itinerários do ensino médio, criados com o objetivo de dar aos jovens a opção de escolher uma área para aprofundar os estudos, está, na prática, sendo imposto e até mesmo sorteados entre os estudantes nas escolas estaduais do país.
Por falta de professores, espaço físico, laboratórios e turmas lotadas, as escolas não conseguem atender a opção feita por todos os alunos e acabam por colocá-los para cursar os itinerários disponíveis. Sem ter a escolha respeitada