Após seis meses no cargo, o governo do presidente Lula enfrenta desafios para conquistar setores que se aproximaram do bolsonarismo nos últimos anos, como evangélicos e produtores rurais. No entanto, a gestão atual busca quebrar resistências ao reforçar a aposta na agenda econômica como forma de atração.
As principais metas visam a aprovação da reforma tributária no Congresso e o impulso à geração de empregos por meio de obras de infraestrutura, previstas no novo PAC. Mesmo entre aliados, há uma sensação de que até o momento, houve apenas a reciclagem de programas de governos petistas anteriores, o que tem sido objeto de críticas e cobranças por parte do presidente Lula em reuniões recentes.
Para conquistar eleitores que consideram sua gestão regular, uma pesquisa interna apontou que esse público é composto principalmente por jovens, negros, mulheres, trabalhadores informais, adultos sem filhos e desempregados. Os itens mais importantes para esses segmentos são saúde pública, emprego, educação e segurança, que passaram a ser focos prioritários do Planalto.
Resumo da notícia
- Governo Lula enfrenta dificuldades para atrair setores evangélicos e produtores rurais que se aproximaram do bolsonarismo nos últimos anos.
- Principais metas do governo são aprovar a reforma tributária no Congresso e usar obras de infraestrutura para gerar empregos.
- Público-alvo considerado prioritário é composto por jovens, negros, mulheres, trabalhadores informais, adultos sem filhos e desempregados, com foco em saúde pública, emprego, educação e segurança.
- Aproximação com evangélicos é um desafio, visto que apenas 29% desse grupo considera a gestão de Lula ótima ou boa.
- Estratégia para conquistar segmentos mais distantes é mirar no público-alvo do Plano Safra em áreas rurais do Sul ou Centro-Oeste.
- Lula busca maior contato direto com parlamentares e articulações políticas internas para melhorar relação com o Congresso.
- Comunicação do governo busca profissionalização para destacar ações gerais e promover programas como o Bolsa Família.
- Segundo semestre busca impulsionar indicadores econômicos com reforma tributária, novo PAC e “pacote verde” de Transição Ecológica.
- Governo deixa de lado promessas de campanha e pautas mais à esquerda, focando na consolidação da agenda econômica e busca de aproximação com diferentes setores da população.
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A aproximação com os evangélicos também tem sido um desafio. Esse grupo não possui um canal de diálogo privilegiado com o governo e não recebeu políticas públicas específicas. Uma pesquisa recente revelou que apenas 29% desse grupo considera a gestão de Lula ótima ou boa, enquanto o total da população é de 37%.
Diante desses obstáculos, o presidente Lula reconhece a urgência de construir uma pauta social consistente voltada aos evangélicos de direita e de classe baixa. Até o momento, o governo optou por se afastar de pautas identitárias, embora as tensões atuais sejam menores do que durante a disputa contra Bolsonaro. No entanto, ainda há a sensação de que pouco foi feito, mesmo entre as lideranças evangélicas que apoiaram sua campanha.
Para lidar com essas questões, o governo buscará chegar aos segmentos mais distantes por meio de ações econômicas. Uma das estratégias será mirar no público-alvo do Plano Safra em áreas rurais do Sul ou Centro-Oeste, com foco no agronegócio, setor com forte influência bolsonarista. Além disso, Lula deve se dedicar a viagens ao exterior no segundo semestre, mas em um ritmo menos intenso, a fim de focar em articulações políticas internas e no contato direto com os parlamentares.
A relação com o Congresso tem sido um ponto-chave para o governo, e os ministros responsáveis pela interlocução política têm buscado maior abertura aos congressistas, buscando ouvir suas demandas e se aproximando mais das bancadas dos partidos que participam do governo.
No entanto, mudanças ministeriais não são esperadas para os próximos meses, mas pequenas alterações não estão descartadas. O governo também tem interesse em atrair o PP e o Republicanos, mas isso ainda depende de negociações. A concretização de indicações políticas para postos nos estados e a participação direta de Lula no processo são vistas como possíveis fatores que podem melhorar a relação com o Congresso.
A comunicação é outro desafio que o governo enfrenta, buscando profissionalizar sua divulgação e promover ações gerais do governo, não apenas de pastas específicas. A Secretaria de Comunicação (Secom) tem chamado a atenção dos ministros para a importância de citar dados de beneficiários de programas como o Bolsa Família e informações sobre o número de carros vendidos com desconto em cada estado.
Além disso, há uma preocupação em controlar as falas do presidente, já que algumas declarações recentes causaram repercussões negativas. Para o segundo semestre, o governo espera alavancar indicadores econômicos com a aprovação da reforma tributária e o novo PAC, além de impulsionar o “pacote verde” do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltado para a Transição Ecológica.
Por fim, o governo tem deixado de lado promessas de campanha e bandeiras mais à esquerda, como a criação de um ministério específico para a Segurança Pública. O foco está em consolidar sua agenda econômica e buscar a aproximação com diferentes segmentos da população.