O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu em Angola, neste sábado (26/8), uma reforma no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). De acordo com o líder, a entidade não está cumprindo seu propósito original e carece da mesma credibilidade que possuía em sua fundação, em 1945.
Além de propor uma ampliação na representatividade de países, Lula destacou a importância de dar voz às nações emergentes dentro da instituição.
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“O Conselho de Segurança, que deveria garantir a paz e a tranquilidade, é, na verdade, responsável por conduzir guerras sem consultar ninguém. A Rússia invade a Ucrânia sem passar pelo Conselho de Segurança. Os Estados Unidos fazem a mesma coisa no Iraque. França e Inglaterra intervêm na Líbia sem autorização do Conselho. Ou seja, são os países membros do Conselho de Segurança que estão promovendo guerras e produzindo armas. Isso está errado”, enfatizou.
Lula também ressaltou a necessidade de que a ONU represente melhor a realidade geográfica global.
“Em 1948, a ONU conseguiu estabelecer o Estado de Israel. No entanto, em 2023, ela não consegue assegurar o território reservado aos palestinos. Isso enfraqueceu a organização. Além disso, na questão climática, a situação é mais grave. Nas Conferências das Partes (COP), muitas decisões são tomadas, mas nenhuma é devidamente cumprida. Isso ocorre porque não há uma autoridade soberana. A ONU não possui força para dizer: ‘Isso deve ser cumprido, ou haverá consequências'”, defendeu.
As declarações de Lula foram feitas durante sua visita oficial de dois dias a Angola, após participar da 15ª Cúpula do Brics, na África do Sul. Ele ainda passará por São Tomé e Príncipe para a reunião da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), antes de retornar ao Brasil. Esta é sua primeira visita oficial ao continente africano durante seu terceiro mandato.
O Conselho de Segurança é um órgão-chave da ONU, responsável pela manutenção da paz e segurança internacionais. Ele pode ordenar operações militares, impor sanções e criar missões de paz para resolver conflitos ou auxiliar na recuperação após conflitos e catástrofes. O Brasil já liderou uma dessas missões, no Haiti, iniciada em 2004.
O órgão atualmente é composto por 15 membros com direito a voto, dos quais cinco são permanentes e possuem poder de veto: Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido. Os outros dez assentos são distribuídos por região.