Lira manifestou preocupação com o que considera excessos por parte da Polícia Federal em suas investigações e alertou o governo Lula (PT) a estar atento a esse fato. Ele também abordou a delicada questão das delações premiadas, criticando especialmente as realizadas por réus presos.
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“Eu sempre condenei, ontem e hoje, delação de réu preso. Todo mundo era contra a delação de réu preso lá atrás. Nós estamos tratando de delação de réu preso hoje de novo, feita pela Polícia Federal. Emitir juízo de valor sobre a questão de mérito, não vou fazer, não conheço o conteúdo da delação. Agora ponto pacífico é que delação de réu preso é impossível”, declarou o deputado.
Quanto ao ex-presidente Jair Bolsonaro, Lira afirmou que não o vê politicamente morto, apesar de sua inelegibilidade. O parlamentar acredita que Bolsonaro pode atuar como cabo eleitoral em futuras disputas eleitorais.
“Ele (Bolsonaro) foi julgado inelegível, politicamente é muito amplo, ele pode funcionar como cabo eleitoral, ele pode apoiar outro candidato, ele pode reverter uma decisão dessa no Supremo. A gente já viu tantas dificuldades. O presidente Lula é um exemplo vivo disso”, ressaltou Lira.
Quando questionado sobre quem poderia herdar os votos de Bolsonaro, o deputado afirmou não ter informações, uma vez que nenhum nome se apresentou oficialmente como candidato.
A entrevista também abordou a indicação de nomeados do Partido Progressista (PP) e de outros partidos do Centrão para o comando da Caixa Econômica Federal. Lira revelou que esse acordo faz parte da estratégia do governo para fortalecer sua base no Congresso.
Além do PP, outros partidos do Centrão, como o União Brasil e o Republicanos, também serão contemplados com indicações para a Caixa. Até mesmo deputados do PL, partido de Bolsonaro, poderão ser beneficiados.
Lira enfatizou que as indicações políticas não devem ser consideradas criminosas em si mesmas e defendeu a transparência no processo.
“Ali as coisas têm que ser tratadas com muita transparência e vão ser tratadas com muita clareza. E vão ter, claro, indicações políticas que não serão criminalizadas por isso. A turma terá responsabilidade. A exoneração é o primeiro convite para quem não andar corretamente”, disse o presidente da Câmara.
De acordo com o deputado, esse acordo deverá fortalecer a base do governo, especialmente na Câmara dos Deputados, e facilitar a aprovação de projetos de emenda à Constituição. Lira prevê um apoio ao governo que envolva entre 340 e 350 deputados.
No entanto, ele destacou que esse apoio político não significa uma adesão total ao projeto de governo petista.
“Estamos tratando de base de apoio. Não estamos tratando de outros tipos de projetos, por enquanto. Não quer dizer que não possa avançar, mas por enquanto nós estamos falando de apoio político no Congresso”, concluiu Lira.