No agitado dia 26 de novembro de 2018, os procuradores da operação “lava jato” tiveram um intenso dia de trabalho. Nessa data, o Ministério Público Federal denunciou o então ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por suposta lavagem de dinheiro em um negócio na Guiné Equatorial.
Em diálogos obtidos durante a “operação spoofing”, aos quais a revista eletrônica Consultor Jurídico teve acesso, os membros da equipe demonstraram sua proximidade com a imprensa. Eles celebraram o fato de terem fornecido informações exclusivas para o “Jornal Nacional”, da Rede Globo, e também discutiram como a notícia seria disseminada em outros veículos.
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A procuradora Laura Tesler expressou sua satisfação ao dizer: “O JN é uma ótima escolha!!! No entanto, de qualquer forma, seria bom provocar Josias, Miriam Leitão, etc., para que eles critiquem severamente”.
Os procuradores planejaram sua estratégia, que envolvia fornecer informações à Rede Globo e, em seguida, ao jornalista Josias de Souza, com a condição de que só pudessem divulgar a notícia após a exibição do “Jornal Nacional“.
Naquela ocasião, o advogado de Lula, Cristiano Zanin (hoje ministro do Supremo Tribunal Federal), classificou a denúncia como um ataque ao Estado democrático de Direito. Ele afirmou: “É mais um golpe duro contra o Estado de Direito, pois distorce a lei e os fatos para fabricar uma acusação e dar continuidade a uma perseguição política sem precedentes através do sistema judicial”.
Anos depois, o Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3) encerrou o processo penal contra Lula ao reconhecer que não havia evidências mínimas para justificar sua continuação.