A Iguatemi, uma empresa de shopping centers voltada para o público de alta renda, obteve permissão judicial para despejar a Tok&Stok da unidade no Iguatemi Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, devido à falta de pagamento. O valor da ação é um pouco mais de R$ 1 milhão. A liminar para o despejo foi concedida no dia 13, cinco dias após o caso ser distribuído para a 10ª Vara Civil do Foro de Ribeirão Preto.
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Essa é a segunda solicitação de despejo recente envolvendo propriedades da rede. Normalmente, tais ações congelam recursos que poderiam ser destinados ao atual processo de reestruturação de dívidas, direcionando-os para um provável depósito judicial por parte da rede. No início do ano, as dívidas totalizavam R$ 600 milhões.
“A liminar de despejo é concedida mediante a prestação de uma caução em dinheiro equivalente a três meses de aluguel, e é concedido um prazo de 30 dias para a desocupação voluntária do imóvel”, afirma a juíza Isabela Fiel na decisão.
A varejista enfrenta uma crise financeira, como detalhado pela própria empresa em outra ação judicial que buscava a falência da rede, citando o impacto de decisões estratégicas malsucedidas nos últimos anos.
A rede também menciona o aumento nos custos financeiros, destacando complicações na execução de um projeto de migração do centro de distribuição e atualização dos sistemas de controle de estoque entre 2020 e 2021. Além disso, destaca as ondas da COVID-19, que reduziram as vendas entre 80% e 90%, e o aumento das taxas de juros, que resultaram em maiores despesas financeiras.
Atualmente, existem 53 lojas, de acordo com os dados do site da rede.
Há quatro meses, o centro de distribuição em Extrema (MG) foi alvo de um pedido de despejo feito pelo fundo Vinci Logística. Houve atraso no pagamento de R$ 2 milhões referentes ao aluguel de fevereiro, mas a quantia foi paga em março.
Pouco depois, em abril, uma empresa de serviços em tecnologia solicitou a falência da empresa devido a uma dívida de R$ 3,8 milhões. Um pagamento foi realizado para evitar a decretação da falência. O caso continua tramitando na Justiça.
Conforme relatado pelo Valor semanas atrás, até o início deste mês, um banco credor vinha resistindo às condições de renegociação apresentadas. Houve alguns avanços nas últimas semanas, mas ainda não houve acordo, segundo fontes. Estender os passivos é uma estratégia fundamental para evitar a deterioração das operações.
Nas negociações com os credores, a rede está considerando a possibilidade de um aporte de capital por parte dos sócios, juntamente com a aceitação das negociações em andamento pelos credores.
Em 2020 (dados mais recentes disponíveis publicamente), de acordo com o relatório de administração divulgado no Diário Oficial, a rede teve vendas líquidas de aproximadamente R$ 950 milhões, uma queda de 21% em relação a 2019. Os custos da dívida do grupo saltaram de R$ 8 milhões em 2019 para R$ 361 milhões em 2021.
Em relação ao tema do despejo, a Iguatemi informou que não comenta as relações comerciais com seus lojistas. A SPX, que assumiu as operações da gestora Carlyle no Brasil, controladora da rede, não se manifestou.