Gordura no fígado afeta 3 a cada 10 pessoas no mundo

A esteatose hepática é silenciosa e pode evoluir negativamente para casos de cirrose e até câncer no órgão; na data de conscientização da doença confira 10 dicas de prevenção
esteatose hepática

Apesar do nome difícil, a esteatose hepática metabólica está presente na vida de cerca de 30% da população mundial e se caracteriza pela presença de mais de 5% de gordura no fígado.

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O órgão desempenha diversas funções importantes no organismo, como a filtragem do sangue e eliminação de toxinas, além da produção de proteínas, metabolismo de medicamentos e de gordura, regulação da coagulação sanguínea, entre outros.

Popularmente conhecida como “gordura no fígado”, a esteatose hepática é silenciosa e, se não tratada, pode evoluir desfavoravelmente. Em casos avançados e crônicos, os pacientes podem apresentar sintomas como dor no lado direito da barriga, cansaço, amarelo nos olhos e aumento do volume abdominal.

“Dados apontam que cerca de 25% dos pacientes evoluem para uma hepatite por gordura (esteato-hepatite) e a partir daí, para formação de fibrose/cirrose. Há ainda um risco aumentado de aparecimento de carcinoma hepatocelular (câncer de fígado). Em alguns países da Europa e nos Estados Unidos a doença já é uma das principais indicações para transplante de fígado”, enfatiza Bianca Della Guardia, hepatologista e Coordenadora Clínica do Transplante de Fígado da Rede D’Or.

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O alerta em relação à doença ganha força agora em junho, mês em que a comunidade internacional destaca uma data, o Global Fatty Liver Day, neste ano em 13/6, para discutir e disseminar informações entre a classe médica, profissionais de saúde, políticos e a população em geral.

De acordo com a especialista, muitas vezes a esteatose hepática é subdiagnosticada e subvalorizada. “Devido à falta de sintomas e impacto direto na qualidade de vida, o paciente muitas vezes não dá importância. No entanto, hoje sabemos que em estágio crônico, a doença pode levar a morte por complicações cardiovasculares relacionadas, neoplasia (câncer) e doenças de fígado. É uma epidemia silenciosa e precisamos agir agora para disseminar conhecimento e evitar a progressão dessa doença e suas complicações”, destaca.

Grupos de Risco

Os principais grupos de risco da esteatose hepática metabólica são pacientes com a presença de diabetes tipo 2, obesidade ou sobrepeso, dislipidemia e hipertensão arterial sistêmica. “Mas atenção, pacientes magros com fatores de risco genético também podem apresentar a doença”, complementa Bianca.

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Outro alerta é que, em decorrência da piora do estilo de vida, a doença vem atingindo pessoas cada vez mais jovens. Pesquisa da American Association for the Study of Liver Diseases (Associação Americana para o Estudo de Doenças do Fígado), apontou que a América do Sul foi o continente que registrou o maior aumento relativo de adolescentes com a doença, 39,2% em 29 anos.

Apesar de assintomática na sua fase inicial, a presença da gordura no fígado pode ser detectada por meio de exame de ultrassom de abdome ou de sangue, que avalia a presença de alterações de enzimas hepáticas.

“São exames que podem ser facilmente inseridos em check-ups anuais, principalmente para pacientes mais susceptíveis. Ao notar qualquer alteração nos resultados, é importante checar com o médico ou pedir um encaminhamento para especialista”, explica a hepatologista da Rede D’Or São Luiz, que conta com uma linha de cuidado completo para doenças hepáticas, com especialistas, equipe multiprofissional, exames diagnósticos e tratamento, indo até a fase final de transplante de fígado.

Em casos mais complexos ou avançados, pode-se fazer uso das elastografias hepáticas para medir a quantidade de fibrose, e, eventualmente, biópsia hepática.

O tratamento tem como pilares fundamentais a adoção de um estilo de vida mais saudável, com melhora da dieta, prática diária de atividade física e evitar o consumo de álcool, além do controle dos fatores metabólicos associados.

“Para pacientes com diabetes ou sobrepeso, a principal indicação é perder peso, pois estudos demonstram que a perda de mais de 10% do peso pode contribuir para a regressão da inflamação e fibrose hepática”, enfatiza Dr. Marcio Dias de Almeida, Coordenador Clínico do Transplante de Fígado da Rede D’Or.

Os medicamentos prescritos geralmente têm como base o tratamento de doenças associadas, como diabetes, obesidade e pressão alta. Recentemente o Food and Drug Administration (FDA), agência americana, aprovou a primeira droga para tratamento da esteatose hepática metabólica nos pacientes com doença mais avançada, em associação com dieta e atividade física.

“Muitas outras classes de drogas estão em estudo e em um futuro próximo acredita-se que estarão disponíveis. Mas, o que podemos fazer agora é dar a devida atenção para essa condição quando diagnosticada, além de adotar uma postura preventiva e hábitos de vida mais saudáveis”, orienta Marcio Dias de Almeida.

Confira abaixo algumas dicas para prevenção da esteatose hepática:

  • Leia os rótulos nutricionais para encontrar gordura, açúcar e sódio ocultos;
  • Tenha uma meta para adicionar frutas e legumes no seu dia a dia;
  • Coma alimentos ricos em fibras, incluindo grãos integrais;
  • Use azeite extravirgem com baixa acidez como principal gordura adicionada;
  • Consuma peixe de 2 a 3 vezes por semana;
  • Evite alimentos industrializados e ultraprocessados, prefira os naturais;
  • Troque bebidas açucaradas e refrigerantes por água ou bebidas com poucas calorias;
  • Afaste-se de fast-food e frituras;
  • Evite o consumo de álcool;
  • Pratique em média 60 minutos de exercícios físicos por dia.
Sarah Oliveira
Sarah Oliveira

Uma amante das palavras em uma jornada incessante de descoberta. Originária de São Paulo, encontro nas nuances da linguagem minha paixão. Com formação em Comunicação, tenho o prazer de guiar você pelos intrincados caminhos das notícias, oferecendo uma perspectiva única sobre o que acontece no Brasil e no mundo.

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