Em meio a um processo de recuperação judicial, a TV Gazeta apresentou um pedido à TV Globo buscando a renovação do contrato de retransmissão em Alagoas.
Alega-se que esta medida seria crucial para evitar a falência do conglomerado de comunicação pertencente à família do ex-presidente Fernando Collor. O pedido, datado de 8 de novembro, teve a resposta da Globo anexada ao processo em 17 de novembro, conforme informações divulgadas pelo Uol.
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A TV Globo, por sua vez, comunicou à TV Gazeta, em 4 de outubro, sua intenção de encerrar a parceria de 48 anos no final de 2023. A justificativa apresentada foi a condenação de Collor pelo STF (Supremo Tribunal Federal) por envolvimento em um esquema de corrupção.
A TV Gazeta encontra-se em recuperação judicial desde 2019. O contrato vigente entre as duas emissoras se encerra em 31 de dezembro, e a partir de 1º de janeiro de 2024, a Globo terá uma nova afiliada em Alagoas, o grupo Asa Branca, a menos que uma decisão judicial intervenha.
Em resposta ao pedido da TV Gazeta na Justiça, a Globo classificou a conduta da empresa de Collor como “covarde”. Alegou que a TV Gazeta não se preparou adequadamente para o término da relação contratual e acusou-a de usar argumentos de terror, atribuindo a responsabilidade pelos acontecimentos à Globo.
A emissora carioca também ressaltou que o foro para dirimir questões deveria ser o do Rio de Janeiro, não de Alagoas. Além disso, argumentou que manter a parceria geraria “gravíssimo dano reputacional” devido às condenações de Collor e do diretor da OAM por corrupção.
COLLOR CONDENADO
Collor foi condenado pelo STF a uma pena de 8 anos e 2 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro em maio, após 16 anos sem mandato.
A TV Gazeta alega ter sido pega de surpresa, destacando investimentos desde 2010 e afirmando que a manutenção da relação contratual é vital para evitar a falência. A Globo refutou as alegações, ressaltando que informou oficialmente 90 dias antes do fim do contrato.
Durante o processo de recuperação judicial, a gestão das empresas do grupo de Collor foi questionada, com a renegociação de R$ 64 milhões em débitos com credores. Empréstimos não pagos, dívidas acumuladas e supostos novos empréstimos durante a recuperação levaram a OAM (Organização Arnon de Mello) a pedir recuperação judicial em 2019.
O plano de pagamento foi aprovado por credores em julho de 2022, mas não foi homologado pela Justiça devido a questionamentos legais.
Credores da área trabalhista denunciaram irregularidades, sugerindo a abertura de inquérito policial para investigar possível crime falimentar. O MP (Ministério Público) alegou que as empresas da OAM fizeram novos “empréstimos” aos sócios durante a recuperação, em um valor total de R$ 6,4 milhões. A Polícia Civil ainda não se pronunciou sobre o inquérito solicitado para investigar o caso.