Ford vende fábrica para governo da Bahia e abre caminho para nova montadora

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Após extensos anos de negociações, a Ford concretizou a venda da sua planta em Camaçari, Bahia, onde produzia modelos populares como o Ka e o Ecosport.

O comprador, neste caso, foi o próprio governo estadual, num acordo visando a transferência de propriedade. Embora os valores monetários envolvidos não tenham sido divulgados, essa notícia foi inicialmente veiculada pelo jornal Correio da Bahia e confirmada pelo UOL.

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De acordo com a Ford, “esse processo seguirá a legislação atual, que prevê posterior compensação à empresa em montantes compatíveis com os valores de mercado. O acordo busca simplificar e agilizar a transição da propriedade da fábrica, contribuindo para gerar valor tanto ao estado quanto à comunidade local.”

Esse acordo agora pavimenta o caminho para a BYD assumir oficialmente a fábrica da Ford.

A empresa chinesa, anunciando isso em 3 de julho, firmou um pacto com as autoridades locais para estabelecer três unidades fabris na cidade baiana e vinha conduzindo negociações diretas com a marca norte-americana para a aquisição da unidade de Camaçari, contudo, as conversas estavam num impasse.

No mês de outubro do ano anterior, a BYD assinou um protocolo de intenções com o governo da Bahia para instalar três fábricas no estado, destinadas à produção de carros, ônibus elétricos e caminhões.

BYD vai assumir antiga fábrica da Ford na Bahia
BYD vai assumir antiga fábrica da Ford na Bahia

Essa fábrica em específico abrigará a produção de um total de seis modelos, incluindo um sexto modelo que ainda não foi lançado, mas que pode ser um veículo elétrico mais acessível que o Dolphin (outro modelo a ser produzido na nova planta, que tem como foco principal a América Latina). A capacidade máxima de produção será de 150 mil a 160 mil unidades anualmente, como mencionou Stella Li, a vice-presidente global da BYD, durante a sua estadia no Brasil.

O encerramento da produção de automóveis pela Ford no país teve um impacto trágico na região.

A fábrica, que possuía capacidade para produzir 250 mil veículos anualmente e 210 mil motores, já chegou a empregar mais de sete mil pessoas, incluindo as fornecedoras associadas que também deixaram o local. Atualmente, na Bahia, cerca de 1,5 mil indivíduos permanecem empregados no setor de engenharia da empresa, dedicando-se a projetos internacionais.

O que permanece da fábrica em Camaçari?

Pátios vazios, gramados aparados e nenhuma placa de identificação. Esse é o panorama que os repórteres encontraram durante uma visita recente ao Complexo Industrial Ford Nordeste, localizado em Camaçari, Bahia. A coluna teve a oportunidade de inspecionar o local em janeiro deste ano e, para nossa surpresa, as instalações, antes ocupadas por mais de quatro mil funcionários, estavam em excelente estado de conservação após quase dois anos de inatividade na produção de veículos.

Complexo Industrial Ford Nordeste, Camaçari, dois anos após o fechamentoImagem: Rafael Martins/UOL
Complexo Industrial Ford Nordeste, Camaçari, dois anos após o fechamento
Imagem: Rafael Martins/UOL

No estacionamento, outrora repleto de carros pertencentes aos funcionários, encontravam-se apenas nove veículos, praticamente equivalendo ao número de pessoas que pudemos avistar durante o nosso tempo nas proximidades. A maioria eram seguranças e membros da equipe de manutenção. Um deles estava utilizando um pequeno trator para cortar a grama.

O passar do tempo e o abandono eram evidentes em poucas placas restantes que indicavam que aquela era uma propriedade da Ford Company. As maiores insígnias foram removidas, aguardando a chegada de novos proprietários para trazer vida de volta à região.

Complexo Industrial Ford Nordeste, Camaçari, dois anos após o fechamentoImagem: Rafael Martins/UOL
Complexo Industrial Ford Nordeste, Camaçari, dois anos após o fechamento
Imagem: Rafael Martins/UOL

A desmontagem da fábrica da Ford ocorreu gradualmente entre janeiro e dezembro de 2021. De acordo com um engenheiro que optou por não ser identificado, cerca de 90% das máquinas foram transferidas para a fábrica em General Pacheco, na Argentina, ou foram vendidas em leilões para aproveitamento do aço ou até mesmo como sucata.

“Qualquer empresa que assuma a instalação terá que construir uma nova linha de produção.

O que ainda existe em Camaçari é a infraestrutura básica, ou seja, um espaço adequado para a instalação de máquinas e robôs, juntamente com galpões. No entanto, a linha de produção já não está presente. Até mesmo os parceiros, na maioria dos casos, desmontaram suas máquinas”, revela o técnico, atualmente trabalhando no Centro de Desenvolvimento de Produtos da Ford, localizado no Senai-Cimatec, onde a fábrica da Jac Motors estava destinada a ser instalada anteriormente.

Daniel Vicente
Daniel Vicente

Sou um entusiasta da informação, natural de Brasília. Atualmente, mergulho nos estudos de Ciências Políticas. Aqui, você encontrará análises aprofundadas sobre política, economia e assuntos globais. Vamos explorar juntos o vasto universo do conhecimento!

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