Em Belém, Lula quer unir países amazônicos para cobrar nações ricas

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Na próxima semana, Belém (PA) será palco da Cúpula da Amazônia, onde chefes de Estado de países amazônicos e nações com florestas tropicais irão se reunir com o objetivo de propor estratégias que equilibrem a proteção da vegetação e o desenvolvimento econômico e social.

O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT), anfitrião do evento, lidera a articulação para formar um bloco de nações florestais, buscando recursos dos países ricos para apoiar a transição de atividades predatórias para práticas sustentáveis.

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Em sua última live semanal, Lula destacou que a Cúpula tem o propósito de expor ao mundo as ações planejadas para as florestas amazônicas e também exigir dos países desenvolvidos o cumprimento da promessa feita em 2009 de destinar US$ 100 bilhões para financiar ações contra as mudanças climáticas em nações pobres e em desenvolvimento.

O presidente busca fortalecer o bloco de países detentores de grandes áreas de floresta, visando obter os recursos necessários para essa transição na próxima conferência das Nações Unidas sobre o clima, a COP-28, que ocorrerá em novembro em Dubai.

Além das nações amazônicas, o Brasil convidou países como Indonésia, República Democrática do Congo, República do Congo e França (controladora da Guiana Francesa). No entanto, o presidente francês Emmanuel Macron ainda não confirmou sua presença, gerando frustração na diplomacia brasileira.

Apesar disso, a expectativa para o encontro é alta, especialmente porque a Cúpula da Amazônia também sediará a COP-30 no próximo ano. Os detalhes do tratado a ser assinado pelos líderes durante o evento estão em discussão, mas espera-se o compromisso dos países amazônicos de eliminar o desmatamento ilegal até 2030.

O fortalecimento regional para combater crimes como venda ilegal de madeira, garimpo e tráfico de drogas em toda a Amazônia também será discutido, assim como acordos de cooperação entre países fronteiriços para ações contra o desmatamento.

Para viabilizar a substituição de atividades predatórias por práticas sustentáveis, é necessário financiamento nacional e estrangeiro, visto que a transição custa mais aos produtores do que as práticas tradicionais de exploração do território.

O economista Rafael Feltran-Barbieri, do WRI Brasil, destaca que é possível zerar o desmatamento e, ao mesmo tempo, aumentar a renda na região amazônica. Projetos de transição para produção sustentável poderiam gerar um PIB brasileiro R$ 40 bilhões maior em 2050, com 312 mil empregos adicionais e 81 milhões de hectares de florestas preservadas.

O evento tem como objetivo explicar à sociedade a importância de agir contra a degradação ambiental e oferecer alternativas para garantir a sustentabilidade da região. A transição para uma economia sustentável exigirá investimentos significativos, estimados em 1,8% do PIB nacional ao ano até 2050, aproximadamente R$ 2,56 trilhões além dos investimentos já realizados na Amazônia.

Os negociadores buscam criar incentivos financeiros e facilidades de crédito para iniciativas menos poluentes, garantindo que a população local seja incluída na transição ecológica da economia e não seja prejudicada durante esse processo.

Sarah Oliveira
Sarah Oliveira

Uma amante das palavras em uma jornada incessante de descoberta. Originária de São Paulo, encontro nas nuances da linguagem minha paixão. Com formação em Comunicação, tenho o prazer de guiar você pelos intrincados caminhos das notícias, oferecendo uma perspectiva única sobre o que acontece no Brasil e no mundo.

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