Ex-diretor acusa Faustão de assédio moral nos bastidores da Globo
Nesta quarta-feira (14), veio à tona uma entrevista explosiva em que Alberto Luchetti Netto, ex-diretor do programa dominical de Fausto Silva, popularmente conhecido como Faustão, revela casos de assédio moral nos bastidores da Globo durante os anos de 1998 a 2002. Luchetti relembra os polêmicos bastidores e o trágico suicídio de uma funcionária chamada Angela Sander.
Ao ser contratado em 1998 para dirigir o programa de Faustão, que estava perdendo a disputa de audiência para o apresentador Gugu, Luchetti relata que já circulavam rumores sobre a arrogância de Faustão e afirma ter presenciado muito assédio moral nos bastidores.
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“O assédio moral dele era evidente: ele tinha o hábito de criticar a produção ao vivo e depois se desculpar em particular. Ele denegria o trabalho em rede nacional. O que ele fazia com o Caçulinha era desolador! O humilhava, dizia que ele não sabia tocar teclado, que estava ultrapassado. Falou tanto que a Globo o dispensou.”
O ex-diretor também revela o caso trágico em que uma funcionária da produção, Angela Sander, foi tão perseguida por Faustão que acabou tirando sua própria vida. “Por exemplo, a Angela Sander, devido à perseguição implacável que sofria dele, tomou remédios e cometeu suicídio. Foi uma tragédia que a Globo tentou encobrir a todo custo. Eu já havia saído da emissora. Ela estava tão desesperada, ele a humilhava tanto, que um dia ela tomou os remédios, foi dormir e nunca mais acordou”.
Luchetti alega que a fama de generosidade de Faustão é apenas uma estratégia para manter uma boa imagem. “Fausto tem um grave defeito. Quando alguém está em uma situação difícil, ele procura ajudar… Mas depois pede para a assessoria divulgar que está ajudando. Ele costumava fazer isso com a Dercy Gonçalves.”
O ex-diretor revela ter recebido um relógio de Faustão no valor de 100 mil dólares, um presente simbólico de uma suposta irmandade. “Meses depois, devolvi o relógio dizendo que não queria mais ser irmão dele. Sua reação foi a pior possível. O que me fez devolvê-lo foi o jeito dele”.
Ele continua: “Em um dia, quando a Luciana [esposa de Faustão] trabalhava comigo, ele me convidou para almoçar e perguntou o que eu achava das mudanças que ele estava fazendo no programa. Eu respondi: ‘Fausto, eu ganhava muito dinheiro para dirigir o teu programa. Mas para assistir, eu teria que ganhar muito mais’. O clima ficou pesado, e o almoço terminou”.
Em 2022, Faustão surpreendeu ao anunciar sua saída da Globo após 30 anos, retornando à Band. A mudança incluía a proposta ousada de ocupar o horário nobre da emissora durante todos os dias da semana.
Para Luchetti Netto, a escolha de Faustão foi uma “irresponsabilidade dele e da cúpula da Band”. Ele afirma: “Ele [Faustão] achava que o dinheiro era dele, mas não era. Tanto é que um oportunista, Luciano Huck, assumiu o lugar dele, e o dinheiro continua lá do mesmo jeito. A audiência e o dinheiro pertencem à emissora. Ele não levou nem um nem outro”.
Segundo o ex-diretor, a saída de Faustão da Globo não foi tão tranquila como a emissora e o apresentador tentaram fazer parecer ao público. “O problema não foi apenas a vaidade, que ele tem de forma latente. O problema foi o seu fígado. Ele saiu da Globo pela porta dos fundos, foi demitido por um diretor de baixo escalão. Ele saiu ressentido, buscando se vingar da Globo. Na Globo, ele fazia 52 programas semanais por ano, com todo o elenco, o dinheiro e a audiência da emissora. Então, na Band, sem estrutura, ele teve que fazer 60 programas em três meses. A probabilidade de dar errado era de 100%. Por isso, digo que é uma irresponsabilidade dele e da cúpula da Band. Ele não vai ter problemas financeiros com a demissão, mas estamos falando de 300 pessoas sendo demitidas! Quem deveria ser demitido são os diretores que concordaram em pagar esse valor. Não havia estrutura para isso”.
Apontado como um dos grandes nomes da televisão brasileira, Faustão está atualmente sem programa. Segundo seu ex-colega de trabalho, faltou estratégia ao apresentador em saber quando se retirar. “Ele não fez o que o Pelé fez, não soube parar. Não fez o que o Michael Jordan fez. E acabou mal, saindo pela porta dos fundos da Globo e teve uma saída lamentável da Band. Você tem ideia do que é parar de fazer um programa por falta de audiência? É a pior coisa para um apresentador”.