Criador do ChatGPT tem projeto para escanear íris de toda população mundial e gera alerta em autoridades

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Você permitiria que uma empresa escaneasse sua íris em troca de cerca de R$ 250? Essa é a oferta intrigante da Worldcoin, uma organização que chamou a atenção de reguladores internacionais devido ao seu plano de registrar dados biométricos de mais de 8 bilhões de pessoas em todo o mundo.

Inicialmente, a Worldcoin lançou seu projeto em São Paulo, oferecendo serviços de escaneamento de íris em três locais. No entanto, esses serviços não estão mais disponíveis. A Worldcoin afirmou que essa operação foi um teste temporário no Brasil e não divulgou o número de pessoas que se cadastraram durante esse período.

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“Esses serviços não tinham a intenção de ser permanentes no momento. Esperamos estabelecer serviços contínuos no Brasil no futuro”, afirmou a Worldcoin ao g1.

O projeto, iniciado por Sam Altman, CEO da empresa que criou o robô ChatGPT, tem como objetivo desenvolver um “passaporte digital” capaz de distinguir entre seres humanos e robôs de IA.

Alex Blania e Sam Altman, fundadores da Tools for Humanity, empresa que opera projeto da Worldcoin — Foto: Business Wire via AP
Alex Blania e Sam Altman, fundadores da Tools for Humanity, empresa que opera projeto da Worldcoin — Foto: Business Wire via AP

No entanto, essa iniciativa levantou preocupações entre as autoridades e até levou à suspensão pelo governo do Quênia, onde cerca de 350.000 pessoas já haviam se inscrito, segundo relatos locais. Órgãos reguladores da França, Alemanha e Reino Unido também estão analisando a iniciativa.

Rafael Zanatta, Diretor do Data Privacy Brazil, e Nina da Hora, cientista da computação e diretora do Instituto da Hora, apontaram a falta de transparência na forma como a Worldcoin lida com os dados dos usuários.

Entendendo a Worldcoin: Uma Rede de Identificação Digital

A Worldcoin funciona como uma rede de identificação digital, visando promover a inclusão financeira global. A iniciativa afirma que o escaneamento da íris é o único meio seguro de diferenciar os indivíduos entre bilhões. A estrutura da Worldcoin consiste em três componentes principais:

  1. World ID: Esse passaporte digital converte o registro da íris em uma sequência numérica.
  2. Token Worldcoin (WLD): Uma criptomoeda distribuída como recompensa para todos os inscritos.
  3. World App: Um aplicativo que permite transações com criptomoedas.

Desde sua fase beta em maio de 2021, mais de 2,2 milhões de pessoas passaram pelo escaneamento da íris, segundo a Worldcoin.

Dispositivo usado para criar 'passaporte digital' da Worldcoin — Foto: Reuters/Annegret Hilse
Dispositivo usado para criar ‘passaporte digital’ da Worldcoin — Foto: Reuters/Annegret Hilse

Os Mentes por Trás do Projeto

As câmeras e o aplicativo usados pela Worldcoin foram desenvolvidos pela Tools for Humanity, uma empresa fundada por Sam Altman e Alex Blania. No entanto, a Worldcoin afirma ser administrada pela Worldcoin Foundation, definida pelo projeto como uma “organização sem fins lucrativos” sediada nas Ilhas Cayman. A fundação opera sem membros, proprietários ou acionistas e é governada por um conselho de três membros.

Uso de Dados e Privacidade

As fotos tiradas pelo Orb são transformadas em códigos numéricos para identificar os usuários, com a Worldcoin afirmando que as imagens são prontamente excluídas. Os usuários não precisam compartilhar detalhes pessoais como nomes, números de telefone, e-mails ou endereços. O código da íris será usado para confirmar a identidade, diferenciando seres humanos de robôs – útil para plataformas de mídia social que buscam verificar usuários humanos.

A Worldcoin estende sua aplicação a processos democráticos, sugerindo que sua infraestrutura possa contribuir para esforços democráticos globais. A iniciativa argumenta até mesmo que poderia contribuir para o conceito de renda básica universal.

Compensação e Preocupações

Os participantes que cadastram suas íris no Orb recebem 25 unidades de WLD, a criptomoeda da Worldcoin, equivalente a aproximadamente R$ 240. Além disso, os usuários ganham 1 WLD (cerca de R$ 9,50) semanalmente por meio do World App, com bônus ocasionais para contribuidores como desenvolvedores e criadores de conteúdo.

Apesar de não reter imagens da íris, a Worldcoin enfrenta críticas devido à sua abordagem vaga no tratamento de dados coletados além dos escaneamentos da íris. As sequências numéricas geradas a partir das fotos da íris são consideradas dados biométricos sensíveis. Os críticos destacam preocupações com o possível uso comercial e responsabilidade.

Em conclusão, a iniciativa inovadora da Worldcoin de estabelecer um passaporte digital global por meio do escaneamento da íris chamou a atenção de reguladores, especialistas e do público. Embora prometa segurança aprimorada e benefícios potenciais, o projeto enfrenta desafios relacionados à privacidade de dados e transparência no uso que requerem considerações adicionais.

Daniel Vicente
Daniel Vicente

Sou um entusiasta da informação, natural de Brasília. Atualmente, mergulho nos estudos de Ciências Políticas. Aqui, você encontrará análises aprofundadas sobre política, economia e assuntos globais. Vamos explorar juntos o vasto universo do conhecimento!

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