Nas últimas duas semanas, o proprietário de um moderno bar de vinhos em Buenos Aires testemunhou um aumento de 73% no preço da carne bovina e de 140% no custo da abobrinha para suas saladas. Uma motorista do Uber pagou 60% a mais para encher o tanque, enquanto um pai relatou ter gasto o dobro em fraldas para seu filho. Sob a liderança do novo presidente, Javier Milei, a vida na Argentina, já acostumada à inflação, está se tornando ainda mais desafiadora.
Quando Milei assumiu a presidência em 10 de dezembro, desvalorizou rapidamente a moeda argentina, resultando em preços aumentando a uma taxa tão acelerada que muitos estão reavaliando como suas empresas e famílias podem enfrentar uma crise econômica mais profunda.
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“Ficamos preocupados o tempo todo desde que Milei venceu”, disse Fernando González Galli, professor de filosofia do Ensino Médio, que agora corre para gastar seus pesos antes que se desvalorizem ainda mais.
Nahuel Carbajo, dono do Naranjo Bar em Buenos Aires, acostumado a aumentos regulares de preços, viu os preços dispararem, afirmando que “não há forma de os salários ou os rendimentos das pessoas se adaptarem a essa velocidade”.
O porta-voz de Milei, Manuel Adorni, justifica a aceleração da inflação como uma consequência inevitável para corrigir a economia argentina. Milei, conhecido por suas promessas de redução do governo e reformulação econômica, alertou que seus planos causariam dificuldades no início, preferindo “dizer a verdade incômoda do que uma mentira confortável”.
Megadecreto de Milei Eleva Descontentamento da População
Na quarta-feira, Milei anunciou um decreto de emergência que reduz significativamente o papel do Estado na economia e elimina várias regulamentações. A medida, que proíbe o Estado de regular o mercado imobiliário, estabelece limites às taxas bancárias e de seguros de saúde, além de alterar as leis trabalhistas, gerou críticas quanto à sua constitucionalidade.
Milei afirmou que essas medidas eram necessárias para resolver os problemas financeiros de longo prazo da Argentina, enquanto analistas jurídicos questionam se o presidente está tentando subverter o Congresso. Moradores de Buenos Aires expressaram seu descontentamento nas ruas, batendo em panelas para demonstrar insatisfação.
A população, enfrentando aumentos de preços significativos, tenta entender como sobreviver em meio a uma corrida frenética para comprar antes que os preços subam novamente. Marisol del Valle Cardozo, mãe de uma criança de 3 anos, corta despesas e apoia as políticas de Milei, esperando que esses ajustes sejam necessários para a prosperidade futura.
