Celular mais barato? Teles pedem menos impostos em eletrônicos por avanço do 5G

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Durante um painel na Febraban Tech 2023, realizado em São Paulo, Marcos Ferrari, presidente da Conexis Digital Brasil, associação das empresas de telecomunicações, destacou que a massificação do 5G no Brasil só será possível mediante uma redução da carga tributária, que atualmente é em média de 30% para o setor. Ferrari até mencionou o programa de descontos para carros “populares” como um exemplo a ser seguido.

“Foi feita a desoneração dos veículos, então por que não desonerar os dispositivos? A população de baixa renda precisa disso, seria uma ajuda”, afirmou Ferrari na quinta-feira (29), reforçando a importância de tornar smartphones, tablets e até computadores mais acessíveis para a população de baixa renda, a fim de ampliar o acesso ao 5G em todo o país. Embora ele tenha mencionado os descontos para carros como um exemplo válido, a principal aposta é que isso seja realizado por meio da Reforma Tributária.

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“É fundamental que a Reforma Tributária reduza a carga de impostos no setor de telecomunicações, que é uma das mais altas do mundo. O setor é essencial, e sem conectividade, não podemos usufruir dos benefícios tangíveis do 5G para a sociedade”, ressaltou o presidente da Conexis.

Conforme anunciado pelo relator da Reforma Tributária, Aguinaldo Ribeiro, estão previstas três alíquotas para produtos e serviços: uma alíquota padrão, uma alíquota diferenciada (com redução de 50% em relação à primeira) e uma alíquota zerada.

Na visão de Ferrari, uma tributação justa dentro do contexto da Reforma Tributária seria incluir o setor de telecomunicações entre aqueles contemplados com a “alíquota diferenciada”, representando 50% da alíquota padrão. A definição dessa primeira alíquota ainda não ocorreu.

O presidente da Conexis revelou que foi ouvido pelo Ministério da Fazenda e pelo relator da PEC 45/2019. Ele ressaltou que a medida está mais próxima de se concretizar do que em momentos anteriores, mas ainda há um diálogo contínuo, e um retorno sobre a efetiva redução dos impostos é esperado nas próximas semanas. O objetivo é beneficiar os consumidores, proporcionando preços mais acessíveis e condições para adquirir produtos de banda larga 5G, uma vez que 22% da população com renda de até 1 salário mínimo não possui acesso à internet.

No entanto, o executivo da Conexis enfatizou que ainda aguarda uma definição sobre o assunto e ressaltou que “ainda falta compreensão da importância da conectividade para a sociedade”. Ele explicou que as pessoas pensam que o 5G se restringe apenas aos celulares, mas vai muito além disso. Segundo Ferrari, a massificação do acesso ao 5G sem uma redução na carga tributária se torna desafiadora.

Além disso, ele afirmou que, se o setor de telecomunicações conseguir ser incluído no grupo com alíquotas mais baixas, a Reforma Tributária será mais eficaz do que um programa semelhante ao dos carros “populares”.

“Isso ocorre porque a Reforma Tributária ataca o custo de disponibilizar o serviço [5G]. E por que isso é importante: quanto maior a demanda, mais investimentos são feitos para expandir a infraestrutura. Somos um setor privado, com despesas, receitas, investimentos e retorno. Tudo isso é levado em consideração. E quanto maior o número de acessos, maior a quantidade de dados trafegados, mais justificados são os investimentos em determinadas áreas“, ressaltou.

A maioria dos bens e serviços que se enquadram no grupo com alíquotas diferenciadas já haviam sido mencionados no documento com diretrizes para a reforma tributária elaborado pelo Grupo de Trabalho da Câmara dos Deputados. Esses bens e serviços incluem serviços de educação, serviços de saúde, dispositivos médicos, medicamentos, serviços de transporte público coletivo urbano, semiurbano ou metropolitano, produtos agropecuários, pesqueiros, florestais e extrativistas vegetais in natura, insumos agropecuários, alimentos destinados ao consumo humano e produtos de higiene pessoal definidos por lei, bem como atividades artísticas e culturais nacionais.

Atualmente, mais de 80 cidades no Brasil já possuem acesso à internet 5G, incluindo as 27 capitais e municípios com mais de 500 mil habitantes. Além disso, outras 282 cidades agora têm a faixa de 3,5 GHz liberada para implementação do serviço.

No entanto, a liberação da faixa não implica na instalação imediata das redes 5G nessas localidades. Essa é apenas uma etapa do cronograma de implantação. Estima-se que até o final do semestre aproximadamente 1,6 mil cidades tenham sido liberadas para receber a infraestrutura da rede 5G, conforme o Ministério das Comunicações.

A ativação efetiva do 5G dependerá da vontade das operadoras que adquiriram as licenças de uso da faixa no leilão realizado pela Anatel. Ferrari destacou que, como setor privado, eles seguem a demanda e têm a obrigação de implementar o 5G de acordo com as determinações da Anatel, sendo mais rápido ou mais lento conforme a demanda. O edital do leilão estabeleceu o prazo máximo de 31 de julho de 2025 para as operadoras ativarem o 5G nas cidades com mais de 500 mil habitantes e 31 de julho de 2026 para aquelas com mais de 200 mil habitantes. Nas capitais estaduais, o prazo já expirou em 2022, razão pela qual o 5G já está disponível nessas localidades.

Ferrari acrescentou que a disponibilidade da tecnologia não ocorre de forma instantânea e que o setor está seguindo rigorosamente as determinações da Anatel, inclusive superando as metas estabelecidas. Ele ressaltou que a tecnologia 5G será implementada gradualmente, em fases, como está acontecendo atualmente.

Sarah Oliveira
Sarah Oliveira

Uma amante das palavras em uma jornada incessante de descoberta. Originária de São Paulo, encontro nas nuances da linguagem minha paixão. Com formação em Comunicação, tenho o prazer de guiar você pelos intrincados caminhos das notícias, oferecendo uma perspectiva única sobre o que acontece no Brasil e no mundo.

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