A Casas Bahia, anteriormente conhecida como Via, revelou planos para uma reformulação significativa visando restaurar sua rentabilidade e reverter a percepção negativa do mercado financeiro após resultados decepcionantes. A empresa, que desviou de seu foco no varejo nos últimos anos, agora busca um retorno às suas raízes, apostando na marca reconhecida pelos consumidores.
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Pesquisas internas apontam que a marca Casas Bahia ainda goza de grande popularidade entre os consumidores, o que incentivou a empresa a trazer de volta o rosto icônico da marca, o garoto-propaganda de 18 anos, Fabiano Augusto, e resgatar o slogan da época em que a empresa era administrada pela família Klein: “Dedicação Total a Você”.
O CEO da empresa, Renato Franklin, declarou em uma apresentação para jornalistas nesta quarta-feira que a estratégia é voltar às raízes e concentrar-se no varejo. Ele acredita que isso permitirá à empresa reduzir os riscos e alcançar resultados melhores a longo prazo. Franklin não fez previsões específicas, mas expressou confiança de que os números da empresa começarão a melhorar no segundo semestre do ano.
Uma das mudanças mais visíveis é a economia projetada de pelo menos R$ 200 milhões em gastos de marketing apenas com a mudança da marca. Além disso, a Casas Bahia planeja fechar pelo menos 100 lojas e reduzir os estoques em R$ 1 bilhão até o final de 2023, como parte de seu plano de reestruturação recentemente anunciado.
![Michael Klein terá que emprestar dinheiro a irmão (Foto: Reprodução)](https://i0.wp.com/tagnoticias.com.br/wp-content/uploads/2023/07/casas-bahia-1024x682-1.jpg?resize=1024%2C682&ssl=1)
O Grupo Casas Bahia também fez uma oferta de novas ações na Bolsa na semana passada, com a expectativa de captar R$ 1 bilhão, embora tenha conseguido pouco mais de R$ 600 milhões. A diretora de marketing do grupo, Vivian Swir, destacou que a mudança na marca também se refletirá no código de negociação das ações da empresa na B3, passando de VIIA3 para BHIA3 a partir desta quarta-feira.
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Franklin enfatizou que a Casas Bahia continuará a oferecer crédito, uma parte fundamental de sua história e uma das marcas registradas da empresa. Historicamente, o crediário representou até 30% das compras nas lojas e atualmente está em 21%, deixando espaço para crescimento.
O CEO reconheceu que a empresa ficou para trás no mercado online, gastando recursos significativos para construir várias iniciativas. Ele destacou a concorrência acirrada no varejo, incluindo a presença de sites de e-commerce estrangeiros, como um desafio. No entanto, ele acredita que a Casas Bahia pode se diferenciar ao voltar ao seu foco principal no varejo.
Para melhor atender aos clientes, a empresa está introduzindo ferramentas de inteligência artificial, como o Geofast, que direcionará anúncios e descontos específicos para cada região do país. Além disso, a Casas Bahia fornecerá consultoria via WhatsApp para ajudar os clientes a escolher o produto que melhor atende às suas necessidades.
Lojas espalhadas pelo Brasil
Com mais de 1 mil lojas e uma presença em 560 cidades brasileiras, a Casas Bahia reforça sua capilaridade e possui uma participação considerável no mercado, variando de 25% a 40% dependendo da categoria de produto. Além da Casas Bahia, o grupo detém marcas como Ponto (anteriormente Ponto Frio), Extra.com, Bartira, banQi e Asaplog.
O setor de varejo no Brasil enfrenta desafios significativos, incluindo altas taxas de juros e inadimplência elevada. O recente episódio envolvendo a Americanas, com um rombo contábil de R$ 20 bilhões e dívidas de R$ 50 bilhões, levantou preocupações no setor, com os bancos adotando uma postura mais cautelosa em relação aos empréstimos.
A dívida da Via, agora Casas Bahia, atingiu R$ 3,7 bilhões em junho passado, com R$ 1,5 bilhão em risco sacado. No entanto, a empresa assegurou que seu caixa atual é de R$ 2,7 bilhões, os vencimentos deste ano estão equilibrados e acordos com bancos credores já foram estabelecidos para o próximo ano.
Renato Franklin concluiu a apresentação afirmando que a percepção de risco no mercado é equivocada e que a empresa está comprometida em fornecer resultados consistentes a longo prazo, enfatizando que o mercado deve considerar o lado positivo de sua trajetória.