Câmara aprova texto da reforma tributária em 2º turno

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Câmara dos Deputados aprova texto-base da reforma tributária em votação histórica

A Câmara dos Deputados realizou uma votação histórica na madrugada desta sexta-feira (6) e aprovou o texto-base da proposta de emenda à Constituição (PEC) da reforma tributária. Há quase 30 anos, o debate sobre um novo sistema tributário no Brasil se arrasta, e agora a proposta segue para análise do Senado.

A sessão foi encerrada antes da conclusão da votação em segundo turno, às 1h53, e os deputados ainda precisam analisar as alterações ao texto. A análise será retomada nesta sexta-feira às 10h.

O processo de votação na Câmara ocorre em dois turnos. No segundo turno, o texto recebeu 375 votos a favor, 113 contra e três abstenções. No primeiro turno, foram registrados 382 votos a favor e 118 votos contra. Eram necessários 308 votos para a aprovação da proposta. Após essa etapa, o texto será encaminhado ao Senado.

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A reforma tributária foi destravada desta vez através de um esforço conjunto que uniu diferentes correntes políticas e econômicas. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), desempenhou um papel fundamental nas negociações, juntamente com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, governadores, prefeitos e líderes partidários de diversas correntes políticas.

Apesar das divergências em relação ao texto, há um consenso de que a simplificação do sistema tributário é fundamental para atrair investimentos, promover o desenvolvimento do país e impulsionar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).

O que propõe a reforma

A proposta da reforma tributária visa, em linhas gerais, unificar cinco tributos: IPI, PIS, Cofins (federais), ICMS (estadual) e ISS (municipal). Além disso, a versão atual também prevê a isenção de impostos sobre a cesta básica e a criação do chamado “imposto do pecado”.

Esses tributos deixariam de existir e seriam substituídos por dois impostos sobre valor agregado (IVAs): um gerenciado pela União e outro com gestão compartilhada entre estados e municípios.

Fase de transição

De acordo com a proposta, o período de transição para unificar os tributos terá duração de sete anos, de 2026 a 2032. A partir de 2033, os impostos atuais serão extintos. O deputado Aguinaldo Ribeiro propõe que a transição comece em 2026, com as seguintes etapas:

  • O IVA federal terá uma alíquota de 0,9%, enquanto o IVA estadual e municipal terá uma alíquota de 0,1%.
  • Em 2027, o PIS e a Cofins serão extintos, e a alíquota do IPI será reduzida a zero, com exceção dos produtos sem industrialização na Zona Franca de Manaus.
  • A próxima etapa da transição, que começa em 2029, prevê uma redução gradual da cobrança do ICMS e do ISS a cada ano. A transição está prevista para ser concluída em 2032, quando os impostos estadual e municipal estarão extintos.

As alíquotas dos dois novos impostos, IBS (IVA estadual e municipal) e CBS (IVA federal), serão estabelecidas em uma lei complementar. Durante a transição, essas alíquotas de referência serão ajustadas para compensar a perda de arrecadação dos tributos extintos, mantendo a carga tributária inalterada em cada esfera federativa.

Conselho Federativo e Fundo de Desenvolvimento Regional

A proposta inclui a criação do Conselho Federativo, responsável por centralizar a arrecadação do futuro IVA estadual e municipal, substituindo o ICMS e o ISS. A composição e o poder de decisão de cada estado no conselho foram alvo de críticas dos governadores. O relator atendeu aos pedidos dos governadores e definiu a seguinte composição:

  • 27 representantes dos estados e do Distrito Federal.
  • 14 representantes eleitos pelos municípios, com voto de peso igual.
  • 13 representantes eleitos pelos municípios, com voto ponderado pelo número de habitantes.

O Conselho Federativo tomará decisões se alcançar a maioria absoluta dos votos dos representantes dos estados e mais de 60% da população do país.

Além disso, a proposta prevê a criação do Fundo de Desenvolvimento Regional (FDR), com o objetivo de reduzir as desigualdades regionais. O fundo terá um valor total de R$ 8 bilhões no primeiro ano, aumentando progressivamente até chegar a R$ 40 bilhões por ano a partir de 2033.

Outras medidas e tratamentos diferenciados

O texto da reforma tributária também contempla outras medidas, como a criação de uma cesta básica nacional com isenção de tributos, a possibilidade de “cashback” (devolução de impostos) para a população de baixa renda, a tributação de bens e serviços prejudiciais à saúde e ao meio ambiente (imposto do “pecado”), além de isenções e tratamentos diferenciados para determinados setores e produtos.

A reforma ainda abrange alterações na cobrança de impostos sobre renda e patrimônio, como a possibilidade de cobrança progressiva sobre heranças e a inclusão de jatinhos, iates e lanchas no Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA).

O texto prevê que os detalhes específicos dessas medidas, como os produtos abrangidos e as alíquotas, serão definidos posteriormente por meio de leis complementares.

Agora, a proposta segue para análise do Senado, onde passará por novas discussões e votações. Caso seja aprovada sem alterações, seguirá para sanção presidencial e se tornará lei. A reforma tributária é considerada uma das pautas prioritárias para a recuperação econômica do país.

Sarah Oliveira
Sarah Oliveira

Uma amante das palavras em uma jornada incessante de descoberta. Originária de São Paulo, encontro nas nuances da linguagem minha paixão. Com formação em Comunicação, tenho o prazer de guiar você pelos intrincados caminhos das notícias, oferecendo uma perspectiva única sobre o que acontece no Brasil e no mundo.

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