Em 2023, a BYD da China alcançou um marco significativo ao vender um número recorde de carros, aproximando-se da líder global de veículos elétricos, a Tesla. As vendas globais da empresa chinesa aumentaram impressionantes 62%, ultrapassando os três milhões de unidades em comparação com o ano anterior, conforme documentação da bolsa de valores.
Leia também: Pix terá nova modalidade em 2024; veja como funcionará
No decorrer do ano passado, a BYD vendeu 1,57 milhão de veículos elétricos a bateria (BEVs), marcando um aumento de 73%, além de 1,44 milhão de híbridos, representando um incremento de 52% em relação ao ano anterior. A Tesla (TSLA) deverá divulgar suas cifras de vendas anuais em breve, sendo que analistas antecipam que a empresa dos EUA tenha cumprido sua meta de entrega anual de 1,8 milhões de BEVs.
Em 2022, a BYD ficou cerca de 400.000 unidades atrás da Tesla nas vendas globais de BEV. Espera-se que a diferença tenha diminuído em 2023. No último trimestre do ano, a BYD registrou a venda de 526.409 BEVs, um aumento de mais de 20% em relação ao trimestre anterior. Para o mesmo período, a Tesla deve ter entregue cerca de 473 mil unidades, de acordo com pesquisa envolvendo 14 analistas citados pela Reuters.
CRESCIMENTO
O notável crescimento da BYD, apoiada por Warren Buffett, destaca o papel proeminente da China na indústria de veículos elétricos. O país está rapidamente avançando em sua transição para veículos elétricos, impulsionado pelo sólido respaldo governamental à indústria.
Pequim estabeleceu uma meta de que pelo menos 20% dos carros novos vendidos anualmente até 2025 sejam veículos de energia renovável (NEV), abrangendo BEVs, híbridos plug-in e veículos com células de combustível de hidrogênio. O governo projeta que os NEVs se tornarão a “corrente principal” das vendas de carros novos até 2035.
A China já alcançou a primeira meta em 2022, três anos antes do planejado. A segunda meta também pode ser atingida antecipadamente. Nos primeiros 11 meses de 2023, mais de 8,3 milhões de unidades de veículos de energia renovável foram vendidas, representando mais de 30% das vendas totais de automóveis, conforme dados divulgados pela Associação Chinesa de Fabricantes de Automóveis no mês passado.
O ex-ministro do Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação da China, Miao Wei, prevê que a meta governamental de atingir 50% de NEVs até 2035 seja alcançada até 2025 ou 2026, no máximo, conforme citado pela mídia estatal em um fórum automotivo em novembro.
A liderança da China na indústria global é atribuída à sua escala de mercado, mão de obra acessível e domínio da cadeia de abastecimento, de acordo com analistas. Embora os fabricantes chineses de veículos elétricos tenham se beneficiado do suporte governamental, a intensificação da concorrência e a guerra de preços em 2023 impactaram as margens de lucro do setor automotivo.
À medida que a economia chinesa perdia impulso, as montadoras enfrentavam preocupações com a desaceleração da demanda. Para manter a competitividade, a Tesla reduziu os preços na China em janeiro de 2023, desencadeando uma guerra de preços que afetou as margens de lucro de todo o setor. Nos primeiros 11 meses do ano passado, a indústria automobilística chinesa registrou uma margem de lucro de apenas 5%, inferior aos 5,7% de 2022 e aos 6,1% de 2021, de acordo com dados da Associação Chinesa de Automóveis de Passageiros.
Para compensar a desaceleração do mercado interno, os fabricantes chineses têm buscado expansão internacional, incluindo na Europa, Austrália e Sudeste Asiático. Recentemente, a BYD anunciou a construção de uma fábrica de veículos elétricos na Hungria, marcando sua entrada no mercado europeu, complementando sua já existente fábrica de ônibus no país.
