Nesta segunda-feira (3), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) parte rumo a Puerto Iguazú, na Argentina, onde participará da Cúpula do Mercosul. Durante o encontro, o Brasil assumirá a Presidência pro tempore do bloco pelos próximos seis meses.
O governo brasileiro tem como objetivo principal realinhar o processo de integração regional, que, segundo Lula, foi enfraquecido nos anos anteriores devido à falta de importância dada ao Mercosul por governantes anteriores.
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Essa nova diretriz também busca fortalecer o diálogo com outros países sul-americanos e, inclusive, considera a possibilidade de reintegração da Venezuela ao bloco. A secretária de América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores, a embaixadora Gisela Padovan, enfatiza a necessidade de dialogar com o governo venezuelano, mas reconhece que questões internas, como eleições transparentes e respeito aos direitos humanos, precisam ser solucionadas antes da reintegração.
O Protocolo de Ushuaia, assinado em 1998, exige que todos os membros do Mercosul respeitem os preceitos democráticos. O não cumprimento dessa regra foi o que levou à exclusão da Venezuela do bloco.
Apesar de ser um tema relevante para a presidência pro tempore do Brasil, a questão da Venezuela não será abordada especificamente na Cúpula de Puerto Iguazú, que se concentrará em diretrizes gerais para o fortalecimento do bloco.
O encontro não prevê a assinatura de acordos ou tratados, uma vez que já existem 171 documentos vigentes abrangendo diversas áreas. Em vez disso, serão divulgadas cartas e declarações conjuntas sobre temas como tecnologia, juventude, idosos, alimentação saudável e violência de gênero, com destaque para a importância da participação feminina na política, como parte dos esforços para tornar o Mercosul mais relevante em aspectos sociais, além dos econômicos.
Com a intenção de promover um enfoque mais social no bloco, o Brasil planeja realizar um fórum social entre setembro e outubro, durante sua presidência pro tempore, e sediar uma nova reunião de cúpula no final do ano.
Além disso, a atenção também será voltada para ações extrabloco, com destaque para a assinatura do acordo com a União Europeia, uma parceria que Lula considera fundamental. No entanto, o presidente ressalta a necessidade de alterações no texto proposto pelos europeus, especialmente em relação às exigências ambientais e às sanções comerciais.
Mauricio Lyrio, secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Ministério das Relações Exteriores, destaca a agenda ambiciosa de negociação com outros parceiros, característica dos governos do presidente Lula, incluindo a negociação de acordos estratégicos com Singapura e um conglomerado de países europeus que não fazem parte da UE.