O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) divulgou um relatório apontando movimentações financeiras atípicas na conta do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), totalizando R$ 17,2 milhões recebidos por meio de transações via Pix nos seis primeiros meses deste ano. Segundo o órgão, essas transações incomuns podem estar relacionadas à campanha de doações organizada em junho para quitar multas judiciais, incluindo aquelas relacionadas ao não uso de máscara durante a pandemia de coronavírus.
Em busca de esclarecimentos, ao jornal Folha tentou entrar em contato com o ex-secretário de Comunicação Social, Fábio Wajngarten, para obter um posicionamento de Bolsonaro, mas até o momento da redação deste texto, não houve resposta.
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De acordo com o relatório do Coaf, apenas entre 1º de janeiro e 4 de julho, Bolsonaro recebeu mais de 769 mil transações via Pix, totalizando exatos R$ 17.196.005,80. Esse valor corresponde a quase toda a movimentação financeira do ex-presidente no período, que foi de R$ 18.498.532.
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O órgão responsável pelo relatório indica que tais transações atípicas possivelmente estão relacionadas com a campanha de doações realizada em junho, cujo propósito era arrecadar fundos para o pagamento das multas. Um bloqueio judicial de R$ 87,4 mil foi determinado pela Justiça de São Paulo devido ao não pagamento de uma das multas, mas posteriormente parte desse valor foi desbloqueado.
Relatório do Coaf
O relatório do Coaf fornece detalhes sobre os valores transferidos via Pix, incluindo uma lista de 18 pessoas e 3 empresas que efetuaram depósitos de R$ 5.000 a R$ 20.000 para a conta do ex-presidente. Essas pessoas incluem empresários, advogados, pecuarista, militar, agricultor, estudante e duas pessoas identificadas como “do lar”.
É importante ressaltar que as informações presentes no relatório foram enviadas para a CPI em 8 de janeiro, juntamente com dados de outras pessoas ligadas a Bolsonaro, que atualmente está sob investigação em várias questões criminais, a maioria relatada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
As informações sobre a chave Pix do ex-presidente foram divulgadas por parlamentares e ex-integrantes do governo, como Gilson Machado e Fábio Wajngarten, bem como pelo deputado estadual Bruno Engler (PL-MG).
No mês anterior, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), correligionário de Bolsonaro e eleito com o maior número de votos do país em 2022, solicitou que seus seguidores fizessem doações para ajudar Bolsonaro a pagar as multas e evitar retaliações do Poder Judiciário.
O relatório do Coaf também revela que Bolsonaro teve R$ 230.366 em proventos nos seis primeiros meses deste ano e um “bloqueio judicial” de R$ 30.698. Além disso, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) manteve uma multa de R$ 90 mil contra Bolsonaro por propaganda irregular contra o presidente Lula (PT), então candidato.”