Ministro da Casa Civil tenta explicar declaração polêmica sobre Brasília como por exemplo ter chamado a capital de “ilha da fantasia”
Nesta quarta-feira (7/6), o ministro da Casa Civil, Rui Costa, buscou esclarecer suas declarações anteriores, nas quais afirmou que Brasília era uma “ilha da fantasia” e insinuou que a capital do país deveria ter sido estabelecida em outra cidade.
As palavras do ministro causaram repercussão negativa entre autoridades do Distrito Federal, incluindo deputados do PT, partido ao qual Rui é filiado. O governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), chegou a chamá-lo de “idiota completo”.
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Por meio do Twitter, Rui Costa afirmou que expressou seu descontentamento com o processo de escolhas e decisões tomadas. Ele reconheceu que suas palavras não foram adequadas ao mencionar Brasília como centro do poder político, o que permitiu que alguns interpretassem sua declaração como um ataque à cidade e ao povo.
O ministro esclareceu que seu desabafo não tem relação com os brasileiros que vivem na capital, lutando, sonhando e enfrentando dificuldades, assim como em todas as cidades do país. Rui ressaltou que Brasília é formada por uma população corajosa e trabalhadora, que se esforça diariamente em busca de uma vida melhor. Ele reiterou sua convicção de que nada supera o trabalho e afirmou que continuará se empenhando para ajudar o povo, destacando seus esforços recentes em dialogar sobre investimentos e gestão para melhorar o sistema de transporte daqueles que moram no Entorno de Brasília.
Na sexta-feira passada, eu estava em Itaberaba, na Bahia, num evento de entrega de mais um hospital. Lá, desabafei e demonstrei minha inconformidade com o processo de escolhas e decisões tomadas.
— Rui Costa (@costa_rui) June 7, 2023
Entenda
Durante um evento em Itaberaba (BA) na última sexta-feira (2/6), Rui Costa declarou que Brasília é uma “ilha da fantasia”. Segundo ele, o fato de a capital ter sido estabelecida distante da realidade das pessoas causou danos ao Brasil.
Ele sugeriu que seria melhor se a capital tivesse permanecido no Rio de Janeiro ou se tivesse sido instalada em São Paulo, Minas Gerais ou Bahia, de forma que os que adentrassem um prédio como o Congresso Nacional passassem por uma favela, debaixo de um viaduto, presenciando pessoas pedindo comida e vendo a realidade do desemprego.
A vice-governadora, Celina Leão (PP), afirmou que o discurso do ministro é equivocado, inclusive para aqueles que residem no DF para exercer suas funções ministeriais. Ela destacou que o sonho de Juscelino Kubitschek de trazer a capital para Brasília está relacionado ao desenvolvimento do interior do país, que de fato ocorreu. Celina enfatizou que a cidade tem mais de 3 milhões de habitantes e, somada à Região Integrada de Desenvolvimento (Ride), ultrapassa 5 milhões de pessoas, superando a população de alguns estados. Ela ressaltou a crença na sensibilidade do governo, mesmo havendo opiniões internas divergentes em relação ao apoio a essa situação.
O presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), Wellington Luiz (MDB-DF), também se manifestou contrariamente às declarações do ministro da Casa Civil. Ele lamentou que alguém ocupando uma posição tão importante desconheça a capital de todos os brasileiros e a chame de “ilha da fantasia”. O deputado distrital destacou que, talvez, a expressão se aplique ao próprio ministro, que só conhece hotéis de luxo e restaurantes caros, ignorando a realidade do povo trabalhador, assim como a da Bahia. Ele concluiu dizendo que é uma pena mesmo.
Chico Vigilante (PT), também deputado distrital e do mesmo partido de Rui Costa e do ex-presidente Lula, afirmou que a manifestação do ministro demonstra total desconhecimento da capital federal. O parlamentar convidou o ministro a conhecer o Sol Nascente, a Estrutural, o Pôr do Sol e outras localidades, para que ele possa compreender a verdadeira realidade do DF. Segundo o Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Região Administrativa do Sol Nascente (DF) ultrapassou a Rocinha (RJ) e se tornou a maior favela do país em número de domicílios.
A deputada federal Erika Kokay (PT-DF) afirmou nas redes sociais que a declaração do ministro Rui Costa é típica de alguém que não conhece a cidade e o DF. Segundo ela, se há uma “ilha da fantasia”, é habitada exatamente por aqueles que só conseguem enxergar tapetes e gabinetes. A parlamentar convidou o ministro a conhecer a riqueza da população e da cultura local, a fim de que ele aprenda a respeitar Brasília, o DF e seu povo.
Ricardo Vale, também deputado distrital do PT e vice-presidente da CLDF, declarou que Rui Costa não conhece Brasília e acredita que a cidade se resume apenas ao Congresso Nacional. Ele classificou as palavras do ministro como infelizes, pois, para os cidadãos, não existe uma ilha da fantasia, mas problemas relacionados à saúde, educação e segurança.
A Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional do DF (OAB-DF), afirmou que Rui Costa deveria ter noção exata da responsabilidade exigida pelo alto cargo público para o qual foi nomeado. A entidade declarou que respeitar a dignidade de todos os cidadãos de Brasília e daqueles que são recebidos de braços abertos na capital é uma missão institucional dos que foram eleitos pelo povo do país.
